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CV e PCC expandem atuação internacional e afetam relação do Brasil com outros países, revela documento da Abin


Os tentáculos do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV) vêm se expandindo além das fronteiras brasileiras há tempos. No entanto, um documento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revela uma nova dimensão desse alcance internacional, destacando que os segredos dessas facções podem “impactar as relações diplomáticas do Brasil com países vizinhos.”

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A preocupação está centrada na possibilidade de vazamentos de informações sobre a atuação do PCC e CV na rota da cocaína. Grande parte dessa cocaína vem da Bolívia, onde é considerada “mais pura”, e da Colômbia. As facções também utilizam outras nações sul-americanas para traficar a droga até o Brasil.

Para proteger as relações diplomáticas e a segurança de agentes infiltrados nesses países, a Abin adotou uma política de sigilo até para relatórios que normalmente se tornariam públicos. A agência enfatiza que PCC e CV operam com “execução planejada de agentes públicos, inclusive federais”, e aponta que uma dessas organizações possui “larga envergadura e potencial econômico considerável.”

A decisão da Abin foi endossada pela Secretaria-Executiva da Casa Civil da Presidência da República, que destacou que o vazamento dessas investigações representaria um risco à segurança dos agentes da Abin e de órgãos parceiros. “O sigilo específico destas informações persiste independentemente do vencimento do prazo de classificação, em observância ao princípio da Supremacia do Interesse Público”, justificou a Presidência da República.

O Planalto também declarou que o vazamento de informações sobre PCC e CV comprometeria operações de inteligência e poderia expor testemunhas e depoentes em investigações policiais e processos judiciais em andamento.

Prisões na América do Sul

Na América do Sul, o CV e o PCC atuam principalmente na Bolívia e na Colômbia, países tradicionais na produção de cocaína. Na Colômbia, as facções mantêm relações com ex-membros das Forças Armadas Revolucionárias (Farc). Fernandinho Beira-Mar, líder do CV, foi preso pelo Exército colombiano em 2001, enquanto Marcola, chefe do PCC, foi detido em Fortaleza, em 2016.

As autoridades brasileiras mapeiam a rota da cocaína colombiana, que atravessa o rio Vaupés na fronteira com o Brasil, chegando ao Amazonas e sendo conduzida pelo Rio Negro até Manaus. De lá, é distribuída internamente e externamente. O PCC tem dominado a região de Putumayo, na Colômbia, expandindo suas operações para o Equador e estabelecendo rotas de tráfico pelo Oceano Pacífico até a Ásia.

Em janeiro deste ano, o principal assassino do PCC, Elvis Riola de Andrade, conhecido como “O Cantor”, foi preso na Bolívia, destacando a importância do país para a facção. Tanto CV quanto PCC operam na Bolívia em parceria com clãs locais, como os “Los Zetas” mexicanos.

A disputa por território entre CV e PCC na Bolívia e na Colômbia é violenta. O CV dominou o tráfico no Acre e expandiu sua atuação em áreas de fronteira. As rotas de tráfico de armas para as facções brasileiras passam por países como Peru e Argentina. A “Rota do Solimões” foi uma das principais, mas atualmente é controlada pela Família do Norte (FDN).

Na Argentina, o avanço das facções brasileiras aumentou após 2019. Em fevereiro deste ano, Diego Hernan Dirísio, maior fornecedor de armas para as facções, foi preso pela Interpol em Córdoba. A Polícia Federal brasileira havia emitido um pedido de captura internacional contra ele como parte da Operação Dakovo.

Expansão na Europa

Na Europa, o principal eixo de atuação das facções é Portugal, onde o Serviço de Informações de Segurança (SIS) relatou a presença de pelo menos 1.000 brasileiros ligados ao CV e PCC em 2023. Nas prisões portuguesas, 20 integrantes do PCC estão detidos por tráfico.

A facção paulista também tem vínculos com a máfia italiana ‘Ndrangheta. Uma investigação internacional apontou que o PCC e a ‘Ndrangheta negociam a exportação de grande parte da cocaína da América do Sul para a Europa, em uma operação que envolveu forças policiais de quatro países europeus.

As relações internacionais e a segurança pública são temas críticos no combate às atividades do PCC e do CV, exigindo esforços coordenados entre agências de inteligência e governos para mitigar o impacto dessas organizações criminosas.




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