Mansão ocupada por casal do barulho no Lago Sul tinha “gato” de energia. Dívida com água é de R$ 11 mil
O caso da mansão da QL 18 do Lago Sul, centro de uma investigação sobre suposta invasão de propriedade em área nobre de Brasília, ganhou mais um capítulo na manhã desta quinta-feira (24/9). A Companhia Energética de Brasília (CEB), acompanhada de equipes da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), foi verificar se havia consumo irregular de luz.
A propriedade está sem fornecimento de energia desde 2016, quando o então responsável pelo imóvel pediu o desligamento. Uma vistoria realizada pela CEB, nessa segunda-feira (21/9), identificou uma ligação clandestina, conhecida como “gato”. A gambiarra foi cortada no mesmo dia – porém, a casa continuou iluminada.
Técnicos terceirizados e da companhia fizeram uma ação com apoio da polícia, nesta quinta-feira, para descobrir qual era a fonte e se havia furto de energia da CEB. No local, constataram que os moradores têm um gerador.
O uso desse equipamento é autorizado desde que haja projeto elétrico e aprovação da CEB. O procedimento tem objetivo de evitar acidentes. A companhia avaliou que os residentes não seguiram essas normas e, por isso, serão notificados por irregularidades técnicas.
Embora não haja consumo irregular atualmente, a CEB verificou que houve furto de energia entre o desligamento, feito há quatro anos, e o corte da ligação clandestina. A luz utilizada por meio do gato corresponde a R$ 7,7 mil. Não é possível, contudo, imputar o crime aos atuais residentes porque não se sabe quem fez a conexão irregular.
Atualmente, quem mora na residência é o casal Cristiane Machado e Rodrigo Damião. Ela se apresenta como advogada nas redes sociais. E ele disse que é empresário do ramo da construção. Eles negam ocupação irregular.
Os dois ficaram muito falados na rua em que vivem por conta das festas de arromba que costumam promover. A vizinhança toda toma conhecimento quando ocorrem as comemorações, pois o som é alto e a movimentação, intensa.
Caesb
A casa está inadimplente com a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb). As contas de água da residência não são pagas desde outubro de 2019 – portanto, antes da chegada do casal. A dívida soma quase R$ 11 mil.
A Lei nº 6.603, de 28 de maio de 2020, impede hoje a interrupção do fornecimento dos serviços públicos de energia elétrica, telefonia, água e esgoto no DF por causa da pandemia do novo coronavírus. Os débitos da residência, contudo, são anteriores à validade da norma distrital.
Confusão
A casa faz parte da herança deixada por Orlando Rodrigues da Cunha Filho, ex-presidente da Hípica de Brasília, falecido em 25 de março de 2014. A propriedade da mansão, contudo, entrou em um limbo no qual nem a Justiça, até agora, apontou quem é o dono.
Herdeiro de Orlando, Ricardo Lima Rodrigues da Cunha registrou um boletim de ocorrência. Ele afirmou à polícia que, em julho deste ano, tomou conhecimento de que a casa foi ocupada. “Ao chegar lá, percebeu que as fechaduras estavam trocadas e tinham carros na garagem. Ao tocar o interfone, foi recebido pelo autor, o qual informou que havia locado o imóvel”, detalhou trecho do documento.
O delegado Bruno Dias, da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), disse à coluna Grande Angular que a investigação sobre a suposta invasão está em curso. “É uma situação complexa. Cada um deu sua versão e mostrou documentos que supostamente comprovam as próprias alegações”, disse.
Ricardo Lima também foi à Justiça e apresentou uma ação para reintegração de posse. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) analisa pedido liminar.
O que dizem
A coluna tentou contato com os moradores para que eles se pronunciassem sobre a ação desta quinta-feira e a dívida com a Caesb, mas não havia conseguido até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.
Antes, Cristiane e Rodrigo negaram categoricamente a suposta situação irregular na ocupação da mansão. “Tudo é calúnia e mentira. Não invadi nada. Inclusive, sou empresário, tenho contrato de aluguel da casa no nome de um dos herdeiros, o verdadeiro dono”, disse Rodrigo Damião.
A companheira de Rodrigo também falou com a reportagem e reforçou que o casal possui contrato válido de aluguel. “Estamos registrando toda esta confusão na polícia, isso é uma cachorrada. Não invadimos nada”, afirmou Cristiane. Informa o Metrópoles.