O médico João Guilherme, candidato a prefeito pelo partido Novo em Curitiba-PR, faz sua campanha pregando a moralidade no uso de dinheiro resultante dos impostos, o estado mínimo, a livre ação das empresas privadas sem as amarras do setor público, mas mantém um contrato milionário de prestação de serviços na área de oftalmologia com o SUS (Sistema Único de Saúde).
A clínica ligada a João Guilherme tem um contrato de 5,8 milhões com o SUS, e presta o serviço considerado o mais caro do Paraná. É superfaturado? Não se sabe, mas que é dispendioso, aliás, muito caro ao bolso do contribuinte, aquele mesmo que paga os impostos do qual o candidato do Novo diz querer tanto zelo.
Os procedimentos realizados pela clínica foram alvo de auditoria pelo SUS. Foram questionados 2078 procedimentos, o que equivale a 61% dos serviços prestados em 2018. Foi emitido um “relatório contendo as inconformidades encontradas na auditoria realizada”. A clínica foi notificada “quanto as não conformidades constatadas passíveis de emissão de ordem de ressarcimento”.
A Oftalmoclínica Curitiba está na lista dos “hospitais com os maiores custos paciente-dia em cada especialidade no SHI/SUS.
Na lista dos 20 internações mais caras,a clínica ligada a João Guilherme está no topo dos procedimentos mais caros no ano de 2020. O custo de paciente-dia foi registrado em R$ 3.184,18. Este tipo de serviço está no novo contrato assinado com a prefeitura de Curitiba e que tem vigência até dezembro de 2020.
Salto – João Guilherme é dono do maior patrimônio declarado entre os 16 candidatos à prefeitura neste ano, declarou ter mais de R$ 13 milhões (R$ 13.180.254,49).
Seus bens distribuídos principalmente em imóveis, aplicações e empresas ligadas à oftalmologia. Na comparação com quatro anos atrás, João Guilherme aumentou seu patrimônio de forma significativa.
Em 2016, quando disputou como vice-prefeito de Curitiba pelo PSC, João Guilherme declarou à Justiça Eleitoral um valor de cerca de R$ 3,5 milhões (R$ 3.513.177,28).
Um salto de quase 300% em menos de quatro anos.
Atualização em 12/10/2020 – Direito de resposta do médico João Guilherme:
Em nota, o candidato à prefeitura de Curitiba-PR, João Guilherme, respondeu ao que noticiado justificando o contrato.
Leia na íntegra:
Nota sobre contrato SUS/ Oftalmo Curitiba
Desde que me formei médico, decidi nunca deixar de atender quem mais precisa e, por isso, sempre realizei atendimento pelo Sistema Público de Saúde. Conhecendo o sistema de perto, sei que muitos curitibanos esperam muitos meses para uma consulta de óculos, por exemplo.
Ao perceber nosso crescimento na campanha à prefeitura, os políticos de carreira, que pouco sabem da realidade da população que utiliza o serviço público de saúde, passaram a espalhar fake news para enganar os eleitores.
O Oftalmo Curitiba – Hospital da Visão participou de um edital da Secretaria Municipal da Saúde (de número 002/2019) para atendimento de Oftalmologia pelo SUS para a população das dez regionais de Curitiba, atendendo todos os trâmites do processo público de concorrência. É um contrato do SUS, com recursos federais e pagamento intermediado pela Prefeitura. Além dele, outro hospital de Curitiba foi credenciado, com atendimento e valor superiores ao da Oftalmo Curitiba.
O Hospital da Visão passou por auditoria da Secretaria Municipal da Saúde, processo padrão na contratualização de serviços de saúde. O valor do contrato, assinado em dezembro do ano passado, prevê consulta, exames e procedimentos cirúrgicos, em uma previsão de pagamento mensal de R$ 495 mil mensal, por 12 meses de contrato, em valores de procedimentos definidos pela tabela SUS. A consulta, por exemplo, tem um repasse de R$ 11 para o médico.
Infelizmente, com a tabela tão baixa, muitos colegas médicos deixam de realizar atendimento pelo SUS, o que prejudica a população. Tenho orgulho de ser médico no SUS e permanecerei atendendo à população. Lembro que o contrato firmado é público, podendo ser consultado por qualquer cidadão.
Continuo fazendo uma campanha verdadeira e transparente, dialogando os problemas da cidade para que os eleitores possam decidir seu voto de maneira democrática.
