Política

Ex-funcionárias fantasmas acusam Alcolumbre de praticar “rachadinha”


A revista Veja publicou na edição desta semana uma denúncia contra o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) por prática de “rachadinha”. Alcolumbre é acusado por seis ex-funcionárias fantasmas de praticar “rachadinha” em seu gabinete no Senado Federal. Segundo reportagem, elas revelam que foram empregadas pelo parlamentar, mas nunca trabalharam e devolviam grande parte de seus salários.

Marina, Lilian, Erica, Larissa, Jessyca e Adriana, todas moradoras da periferia do Distrito Federal. Elas eram contratadas com salários que variavam entre R$ 4 mil e R$ 14 mil, abriam conta em um banco, entregavam o cartão a uma pessoa de confiança de Alcolumbre e ficavam com uma parcela pequena do valor.

“O senador me disse assim: ‘Eu te ajudo e você me ajuda’. Estava desempregada. Meu salário era mais de R$ 14mil, mas topei receber apenas 1.350 reais. A única orientação era para que eu não dissesse para ninguém que tinha sido contratada no Senado”, revela a diarista Marina dos Santos, 33 anos, ao repórter Hugo Marques, da revista Veja.

O esquema durou de janeiro de 2016 a março deste ano. Outra “funcionária”, a estudante Erica Castro, 31 anos, também confirma o esquema. “Meu salário era acima dos 14 mil reais, mas eu só recebia 900 reais. Eles ficavam até com a gratificação natalina. Na época, eu precisava muito desse dinheiro. Hoje tenho vergonha disso”.

As funcionárias contam ainda que Alcolumbre tinha preferência por mulheres que tinham filhos. Isso porque o Senado paga um auxílio de 830 reais para cada filho em idade pré-escolar. Quanto mais dependentes cada funcionária tivesse, maior o salário ficaria.

Uma das assessoras, Adriana Souza de Almeida que tem cinco filhos, topou participar do esquema sem saber de detalhes. Ela é empregada de uma fazenda, onde mora com o companheiro e os filhos, diz que esteve no Senado “umas quatro vezes” para levar os documentos, não tem a mínima ideia do cargo que exercia e nem sabe direito por que foi demitida. “Nunca prestei nenhum tipo de serviço para o senador, e também nunca vi ele.”

Outra funcionária, Lilian Alves Braga, conta que foi demitida quando estava grávida de oito meses. Ela foi à Justiça para cobrar indenização de Alcolumbre por não ter recebido direitos trabalhistas.

O senador defendeu, ao responder à reportagem da Veja, que se concentra nas atividades legislativas e que questões administrativas, como a contratação de funcionários, ficavam a cargo de seu então chefe de gabinete, Paulo Boudens. Ele garante não se lembrar das ex-funcionárias citadas na reportagem e que ninguém estava autorizado a ficar com os salários das servidoras. Boudens foi exonerado em 2020 e não deu declarações à revista porque não foi localizado.




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