Wajngarten recusa cargos e deixa governo Bolsonaro
Após ser retirado do comando da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), o empresário Fabio Wajngarten, decidiu sair do governo Bolsonaro. Foram oferecidos a ele três cargos diferentes, mas o ex-secretário recusou todas as opções, mas comprometido a seguir aliado do presidente.
A exoneração de Wajngarten foi confirmada na edição desta quinta-feira no Diário Oficial da União (DOU) que também trouxe a nomeação do secretário de Assuntos Estratégicos (SAE), o almirante Flávio Rocha, como chefe interino da Secom, ele acumulará as duas secretarias.
Essa troca na Secretaria Especial de Comunicação foi oficializada após Wajngarten voltar da viagem com a comitiva brasileira que esteve em Israel para firmar acordos para testes do spray nasal contra Covid-19 no Brasil. A delegação chegou em Brasília na noite desta quarta-feira. Antes de embarcar, Wajngarten já havia decidido não seguir no governo. Ele recusou uma função na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e como assessor especial do Ministério do Meio Ambiente. Inicialmente, foi cogitado que ele pudesse assumir um cargo na Presidência da República em São Paulo, em sucesso. A dificuldade de encontrar um posto para o secretário no governo atrasou a substituição.
Dono da empresa Controle da Concorrência e ex-funcionário do SBT, Wajngarten se aproximou de Bolsonaro durante a campanha de 2018 e foi apresentado como um homem capaz de abrir portas em emissoras de televisão para o candidato presidenciável. Acabou ganhando força após o Bolsonaro ter levado uma facada em um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Wajngarten providenciou a transferência para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
O empresário chegou ao governo em abril de 2019. Ao longo de sua permanência, teve vários atritos com a imprensa, no governo e recentemente com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, a qual a Secom é subordinada.
Antes de Faria, Wajngarten entrou em conflito com o ex-ministro da Secretaria de Governo (Segov) Carlos Alberto dos Santos Cruz e com o atual chefe da pasta, Luiz Eduardo Ramos, quando a secretaria era subordinada ao ministério. Como O GLOBO mostrou, Bolsonaro autorizou a demissão de Wajngarten alegando que o secretário “não sabe respeitar hierarquia” e citando a lista de atritos com ministros.
O novo chefe da Secom, Flávio Rocha, chegou ao Planalto no início de 2020 para assumir a SAE e se tornou um dos principais auxiliares de Bolsonaro. O almirante é apontado como um “administrador de conflitos” no governo e tem atuado também como uma espécie de relações públicas, organizando encontros do presidente com parlamentares e integrantes de outros poderes, e participando de tratativas com autoridades de outros países.
A ida de Flávio Rocha para Secom foi costurada durante a viagem com Fábio Faria na visita a Suécia, Finlândia, Coreia do Sul, Japão e China para visitar empresas de tecnologia 5G. O almirante, que segue como militar a ativa, já chefiou a Comunicação da Marinha.