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Ex-ministro do Petróleo da Venezuela, Pedro Tellechea, é preso sob acusação de vínculos com a CIA


O ex-ministro do Petróleo da Venezuela, Pedro Tellechea, foi detido no último domingo sob acusações de envolvimento com uma empresa supostamente controlada pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos (CIA). A prisão foi anunciada pelo Ministério Público venezuelano nesta segunda-feira (16), apenas três dias após Tellechea ser demitido do cargo de ministro da Indústria e Produção Nacional, cargo que havia assumido recentemente. O empresário Alex Saab, figura controversa e acusado de ser “testa de ferro” de Nicolás Maduro, foi nomeado como seu substituto.

De acordo com informações do jornal El País, Tellechea é suspeito de ter vazado informações confidenciais para a CIA, além de estar envolvido em conspirações relacionadas ao setor de petróleo da Venezuela. “Estamos investigando várias conspirações, muitas delas ligadas a Tellechea, sendo a mais grave o vazamento de informações para a CIA. Pelo menos meia dúzia de pessoas já foram presas”, informaram fontes do governo.

A prisão de Tellechea, uma figura de perfil discreto e leal ao chavismo, representa um dos maiores golpes internos ao governo de Nicolás Maduro desde as eleições presidenciais de 28 de julho, cuja legitimidade foi contestada tanto pela oposição quanto por parte da comunidade internacional.

Acusações e contexto

Segundo comunicado oficial do Ministério Público, Tellechea e seus colaboradores mais próximos foram presos por supostamente entregar o controle do sistema de transferência automatizada da Petróleos de Venezuela (PDVSA) – considerado o “cérebro” da estatal – a uma empresa ligada à inteligência norte-americana. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, destacou que essa entrega violou a soberania nacional e os mecanismos legais do país. Saab também afirmou que a operação foi realizada com a total cooperação do governo Maduro.

Quem é Pedro Tellechea?

Pedro Tellechea, coronel de 48 anos, ocupou a presidência da estatal petrolífera PDVSA e foi ministro do Petróleo até agosto deste ano, quando foi transferido para o Ministério da Indústria e Produção Nacional. Ele assumiu o controle da PDVSA em janeiro de 2023, com a missão de reestruturar o setor, após um grande escândalo de corrupção que culminou na prisão de seu antecessor, Tareck El Aissami, responsável por perdas estimadas em US$ 17 bilhões.

Durante sua curta gestão à frente da PDVSA, Tellechea ajudou a aliviar sanções internacionais sobre o petróleo venezuelano e aumentou a produção diária de petróleo em 200 mil barris, chegando a 900 mil barris por dia. No entanto, o volume ainda estava longe da meta de 1,7 milhão de barris prometida para o fim de 2023.

Tellechea fez parte de uma onda de militares que ocuparam posições-chave no governo de Nicolás Maduro, e era visto como leal ao chavismo. Sua nomeação tinha o objetivo de “limpar” o setor, marcado por escândalos de corrupção envolvendo outros altos funcionários. Um dos casos mais notórios foi o de Rafael Ramírez, ex-ministro do Petróleo e ex-presidente da PDVSA, que está foragido na Itália. Outros ex-líderes da estatal, como Eulogio del Pino e Nelson Martínez, também foram presos; Martínez morreu na prisão.

Crise no setor e reestruturação governamental

A prisão de Tellechea ocorre em um contexto de profundas mudanças no governo venezuelano, em meio a uma crise no setor petrolífero exacerbada por sanções internacionais e má administração. Após sucessivos escândalos de corrupção, o presidente Nicolás Maduro tem conduzido uma remodelação interna, cercando-se de figuras de extrema lealdade.

A substituição de Tellechea pelo empresário Alex Saab, que recentemente foi libertado pelos EUA em uma troca de prisioneiros, causou surpresa, dado que Tellechea estava no cargo de ministro da Indústria há apenas dois meses. Nas redes sociais, Tellechea justificou sua saída alegando “problemas de saúde” que exigem “atenção imediata”, o que levantou ainda mais suspeitas sobre as verdadeiras razões por trás de sua demissão.




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