PL condiciona apoio a presidência da Câmara e Senado à aprovação de anistia para Bolsonaro, afirma Valdemar Costa Neto
O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, afirmou nesta quinta-feira (17) que o apoio da sigla aos candidatos à presidência da Câmara e do Senado está condicionado à aprovação do PL da Anistia, que inclui a retomada da elegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro para as eleições de 2026. O projeto visa conceder anistia aos envolvidos nos atos de de 8 de janeiro de 2023 e impedir punições a Bolsonaro, que foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por oito anos.
“A proposta de anistia não trata diretamente do Bolsonaro, mas temos que incluir esse tema no andamento dos trabalhos. Vamos colocar essa pauta nas mãos dos presidentes da Câmara e do Senado para garantir nosso apoio,” declarou Valdemar em entrevista à CNN Brasil. Ele ressaltou a importância de articular politicamente para garantir que a proposta avance. “Temos que convencer os deputados a votarem a favor da anistia. Esse embate com Bolsonaro não pode ser resolvido da forma absurda que foi no TSE,” criticou Valdemar, referindo-se à decisão que tornou Bolsonaro inelegível.
O projeto de anistia está atualmente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), aguardando votação. O relator do projeto, deputado Rodrigo Valadares (União-SE), leu seu parecer no último dia 8, mas o texto enfrenta resistência entre parlamentares governistas. A proposta prevê anistiar pessoas envolvidas em crimes com “motivação política ou eleitoral” relacionados ao ataque de 8 de janeiro, o que pode incluir Bolsonaro.
Valdemar também reiterou sua crítica à condenação de Bolsonaro pelo TSE, ocorrida após o ex-presidente questionar a segurança das urnas eletrônicas em uma reunião com embaixadores, em julho de 2022. Para o presidente do PL, a inelegibilidade de Bolsonaro foi “simplesmente absurda”. “Foi só porque ele conversou com os embaixadores e disse que era contra as urnas. Isso é uma opinião dele que precisa ser respeitada. Ele foi deixado inelegível por isso. Não existe isso no mundo, no planeta. Nós vamos reverter essa situação,” garantiu Valdemar.
Caso o ex-presidente permaneça inelegível, Bolsonaro já indicou que pode “jogar a toalha” e se afastar da política, optando por “cuidar da vida”. Valdemar, no entanto, mantém a confiança de que o cenário será revertido. “Bolsonaro será nosso candidato em 2026, e até Pablo Marçal [presidente do PRTB] vai votar nele,” disse Valdemar, descartando qualquer rivalidade entre os dois.
Além de Bolsonaro, o PL também vê o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como uma figura importante para as eleições presidenciais de 2026. Valdemar confirmou que Tarcísio deve se filiar ao partido após as eleições municipais de 2024. “Tarcísio já me comunicou que vai para o PL. Vou organizar a maior festa que já fiz para um político em São Paulo,” afirmou o presidente do PL. Segundo Valdemar, Tarcísio não fez a troca de legenda antes para não prejudicar o Republicanos durante as eleições municipais.
A adesão de Tarcísio é vista como um movimento estratégico, especialmente diante da crescente disputa entre o PL e o Centrão pelo apoio do governador para a corrida presidencial. Apesar da indicação de outros nomes, como Tarcísio, Valdemar deixou claro que Bolsonaro continua sendo o nome preferido do partido. “Bolsonaro é o representante da direita no mundo. E ele será nosso candidato em 2026,” afirmou com convicção.
A proposta de anistia, além de garantir a elegibilidade de Bolsonaro, busca também encerrar os processos contra aqueles que participaram dos atos violentos de 8 de janeiro. Desde a aprovação da Lei Geral do Turismo em 2023, que abriu espaço para mudanças no Fundo Nacional de Aviação Civil, a utilização de instrumentos legislativos para modificar o cenário eleitoral tem sido uma estratégia do governo. Contudo, o projeto precisa do aval do Congresso para avançar, sendo a aprovação na Câmara e no Senado cruciais para o sucesso do plano do PL.