Documentário sobre o suposto ‘golpe’ da prisão de Lula será exibido no Festival de Cannes
O Festival de Cannes apresentará um documentário dirigido por Oliver Stone sobre a vida política de Luiz Inácio Lula da Silva. Stone, conhecido por seus retratos cinematográficos de ditadores como Fidel Castro, Hugo Chávez e Vladimir Putin, agora volta suas lentes para o presidente brasileiro, abordando desde sua prisão até a recente eleição.
Em declarações à agência France Presse, Oliver Stone pontuou sua visão sobre a judicialização da política: “Acho que o conceito de perseguição judicial se expandiu por todo o mundo, e tem sido usado para fins políticos, como uma arma. Foi o que fizeram com Lula. Puseram o Lula na cadeia, ele foi libertado e ganhou as eleições. É uma história boa, mas as pessoas não a conhecem, exceto no Brasil”.
O cineasta americano, frequentemente criticado por suas perspectivas políticas e por quem alguns consideram um “idiota americano perfeito”, continua a explorar temas controversos em seus documentários. Seus trabalhos anteriores abordaram líderes autoritários sob uma luz muitas vezes considerada neutra ou até simpatizante.
O novo filme de Stone sobre Lula segue a narrativa preferida pelo Partido dos Trabalhadores (PT), sugerindo que a prisão e as condenações de Lula foram parte de um golpe político, uma tese semelhante à usada para descrever o impeachment de Dilma Rousseff. O filme, situado entre a prisão de Lula e sua subsequente vitória eleitoral, busca alterar a percepção pública sobre esses eventos, pintando-os como ataques injustos contra figuras da esquerda.
Este ponto de vista é reforçado pela indicação ao Oscar de 2019 do documentário “Democracia em Vertigem”, que também retratou o impeachment de Rousseff como um golpe. Estas obras cinematográficas, junto com a narrativa disseminada em escolas e universidades, pintam o PT não como um partido que comprometeu a democracia brasileira, mas como uma vítima de manipulações políticas.
A postura do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação a essas representações históricas tem sido de aparente indiferença, mesmo que tais narrativas possam desmoralizar a instituição ao retratá-la como cúmplice de injustiças. Esta preocupação se estende até mesmo à legitimidade de um de seus membros, Alexandre de Moraes, indicado por Michel Temer, frequentemente rotulado pelo PT como golpista.
A questão central não é a censura ao filme de Stone, mas a necessidade de uma postura mais ativa do STF em defender a verdade histórica e a integridade das instituições democráticas do Brasil frente a essas narrativas potencialmente distorcidas pela esquerda.