O delegado da Polícia Federal Bruno César Calandrini de Azevedo Melo se tornou réu em uma decisão da juíza federal Pollyanna Kelly, após aceitação de uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF). Ele enfrenta acusações de abuso de autoridade relacionadas à sua conduta no caso que envolveu a solicitação de busca e apreensão contra o ex-procurador geral da República, Augusto Aras. Calandrini tem um prazo de 10 dias para apresentar sua defesa.
O MPF acusa Calandrini de iniciar uma investigação sem justa causa e sem autorização judicial, seguida pela representação de uma medida de busca e apreensão contra Aras, contrariando as leis vigentes. O órgão também menciona que o delegado agiu com a intenção de satisfazer interesses pessoais ao tentar conduzir uma oitiva ilegal com o então Ministro da Economia, Paulo Roberto Nunes Guedes.
Bruno Calandrini, professor universitário e delegado da PF desde 2007, já esteve no centro de uma crise interna na instituição em 2022. Ele solicitou ao STF a prisão de membros da cúpula da PF durante a investigação do caso de corrupção no Ministério da Educação, que resultou na prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Calandrini também expressou o desejo de interrogar Rodrigo Piovesano Bartolamei e Caio Rodrigo Pellim, altos funcionários da PF, acerca de uma possível interferência na investigação do MEC.
Na mesma época, uma sindicância foi aberta pela corporação contra Calandrini. Em conversa com o colunista do Metrópoles Rodrigo Rangel, o delegado manifestou sentir-se perseguido pelas medidas adotadas pela direção da PF. Ele acusou a cúpula da instituição de interferir na investigação, conforme revelado em uma mensagem vazada em um grupo com colegas da PF.
“Em razão da decisão superior, deixei de ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o Inquérito Policial deste caso com independência e segurança institucional”, escreveu ele na época.
Em abril do ano passado, Calandrini foi suspenso e afastado de seu cargo na PF, conforme documento assinado por Andrei Rodrigues. A decisão exigia que ele mantivesse seus dados cadastrais atualizados e informasse seu paradeiro em caso de ausência do domicílio. Apesar dessa suspensão, Calandrini já retornou ao seu cargo na Polícia Federal.