O governo Lula (PT) anunciou a reativação da Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada), uma estatal de semicondutores localizada em Porto Alegre (RS), conhecida por seus prejuízos desde a fundação em 2008. Apelidada de “fábrica do chip do boi”, a Ceitec recebeu cerca de R$ 790 milhões em 15 anos, mas gerou apenas R$ 64,2 milhões em vendas.
A empresa, que foi liquidada em 2020 pelo governo Jair Bolsonaro (PL) devido a problemas jurídicos na desestatização, retomará suas atividades. A reativação ocorre após uma queda significativa no quadro de funcionários, de 179 para 76, com planos de contratar entre 50 e 60 profissionais.
Luciana Santos, ministra de Ciência e Tecnologia, destacou em live com o presidente, em 5 de dezembro, a importância da retomada da Ceitec, focando em nichos de mercado como o setor automotivo e energético. “O chip é usado em toda a cadeia produtiva. Não pode o Brasil ficar fora disso”, afirmou.
A história da Ceitec é marcada por desafios comerciais, com projetos ambiciosos como chips para passaportes e identificação de malotes que acabaram não se concretizando. Apesar da inovação em projetos, a empresa não conseguiu atingir o potencial comercial esperado, como no caso do “chip do boi”, interrompido após mudanças nas regras da União Europeia.
Henrique de Oliveira Miguel, secretário de Ciência, Tecnologia para Transformação Digital do ministério, afirma que a fábrica fará parte de uma política industrial maior, focada na conversão energética e prevê investimentos de R$ 300 milhões nos próximos três anos.
A Ceitec produziu 160 milhões de chips e depositou 45 patentes, contestando a visão de ser um “elefante branco”. Com a pandemia, a importância de fábricas locais de semicondutores se tornou evidente, motivando investimentos globais no setor.
Marcelo Zuffo, pesquisador de semicondutores, elogia as iniciativas fiscais do Brasil na área, apontando o crescimento do setor no país. Apesar dos desafios, o governo aposta na Ceitec como parte de uma estratégia mais ampla, buscando reduzir o déficit comercial e posicionar o Brasil no mercado global de semicondutores.