Governo Lula suspende relatórios sobre Yanomamis em meio a aumento de mortalidade indígena
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, após publicar relatórios periódicos sobre a situação do povo yanomami ao longo do ano, suspendeu as atualizações em outubro, em meio à contínua crise de crescimento de mortalidade entre os indígenas. Inicialmente, os boletins emitidos pelo Ministério da Saúde eram semanais, passando a ser mensais, mas não houve novas publicações desde outubro.
Esses relatórios, inicialmente usados pelo governo Lula para criticar a gestão de Jair Bolsonaro por suposta omissão na questão yanomami, indicam que os problemas na região não só persistem, mas mostram sinais de agravamento. O último boletim da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), datado de 4 de outubro de 2023, registrou 215 mortes de yanomamis no ano, superando o total de 2022. O relatório detalha que 53% desses óbitos foram de crianças com até 4 anos, com causas variando entre doenças infecciosas, desnutrição, causas mal definidas, problemas externos e neonatais.
A Sesai justificou a mudança na periodicidade dos boletins, afirmando que está alinhada aos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e alegou que a situação yanomami está em uma fase mais avançada, com ações estruturais em andamento. “Nesta fase, o COE está focado em atender ações prioritárias, tais como: reposição de pessoal, treinamento da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI), distribuição dos insumos e reformas dos Polos Base e das Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI)”, informou a Sesai.
Segundo o jornal Gazeta do Povo reportou em julho, apesar das medidas divulgadas pelo governo, a assistência sanitária nas aldeias yanomamis permanecia precária. Com 209 mortes registradas em 2022 e 249 em 2021, os dados até julho de 2023 sugeriam que o total de óbitos poderia superar a média anual de 238 mortes (excluindo 2020) observada entre 2018 e 2022.
Caso o padrão de crescimento observado de janeiro a outubro se mantenha, o primeiro ano do governo Lula poderá registrar um número de mortes yanomamis superior à média dos últimos anos. Atualmente, sem relatórios recentes, não é possível confirmar, mas há indícios de que as mortes já tenham excedido essa média.
No início de seu mandato, o presidente Lula e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, destacaram a crise na região yanomami para criticar a gestão de Jair Bolsonaro, chegando a sugerir a ocorrência de um “genocídio” durante o governo anterior.