Gilmar Mendes critica visita da “Dama do Tráfico” no Ministério da Justiça
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, expressou sua preocupação nesta segunda-feira, 13, em relação ao encontro de assessores do Ministério da Justiça com a mulher de um líder do Comando Vermelho, destacando que isso ilustra como o crime organizado se infiltrou na sociedade. Ele ressaltou a necessidade de abordar o assunto com a devida seriedade diante da crescente repercussão do caso, que inclui pedidos de impeachment do chefe da pasta, Flávio Dino.
Mendes afirmou: “Não tenho dados para emitir juízo sobre isso (encontro no Ministério da Justiça). Temos que nos preocupar com a questão do crime organizado como tal. De alguma forma, ele encontrou meios e formas de se situar na sociedade brasileira. Tem se falado muito, por exemplo, da mistura que há entre o crime organizado e a política. Acho que precisamos dar atenção a isso e de fato tratar do tema com a seriedade que ele merece.”
Essas declarações foram feitas durante uma conversa com jornalistas após um evento jurídico realizado pelo Estadão em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. A reportagem do Estadão revelou que assessores do ministro da Justiça, Flávio Dino, receberam uma integrante do Comando Vermelho no ministério em duas ocasiões neste ano, sem que seu nome constasse nas agendas oficiais.
O Ministério da Justiça reconheceu que a “cidadã” foi recebida por secretários do ministro Flávio Dino, argumentando que ela fazia parte de uma comitiva, e que não era possível antecipar a presença dela por meio do setor de inteligência. Essa falta de controle tem suscitado preocupações e riscos relacionados aos servidores do ministério.
Parlamentares estão solicitando a convocação de Flávio Dino para prestar esclarecimentos, bem como investigações e até mesmo seu impeachment devido às revelações. O ministro responsabilizou parlamentares de oposição e transferiu a responsabilidade para o secretário de Assuntos Legislativos, Elias Vaz, que alegou que Luciane estava presente como “acompanhante” e discutiu supostas irregularidades no sistema penitenciário.