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Conversas de WhatsApp revelam relação entre ex-chefe da Abin e Aloizio Mercadante


Segundo o site Metrópoles, trocas de mensagens via WhatsApp entre o então chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, e o ex-ministro Aloizio Mercadante. Nessas mensagens, Cunha expressou seu agradecimento a Mercadante por seu apoio à nomeação para o principal cargo da Abin no início do ano.

Poucos dias depois, em 10 de janeiro, Cunha relatou a terceiros que o ex-ministro da era Dilma e atual presidente do BNDES teria “pedido cargos” a ele. Ao ser indagado sobre esse pedido, ele confirmou que Mercadante havia feito tal solicitação e mencionou que pretendia discutir o assunto com o presidente da República.

A conversa inicial no WhatsApp se desenrolou assim: “Bom dia, Saulo, você estará na posse da [ministra] Anielle Franco ou [do diretor-geral da Polícia Federal] Andrei Rodrigues, queria conversar um pouco”, escreveu Aloizio Mercadante no fatídico 8 de janeiro, ao meio-dia. Saulo respondeu: “Bom dia, ministro. Estarei na posse do Andrei, sim.”

Dois dias depois, em uma conversa com um aliado da Abin, Saulo compartilhou a informação: “Encontrei Mercadante agora na posse do Andrei.” O interlocutor questionou: “Ele pediu cargos?” E o então chefe da Abin confirmou: “Sim. E disse que iria falar com o PR (presidente da República).”

Antes desses eventos, Saulo havia agradecido a Mercadante pela nomeação para o cargo de chefia na Abin, expressando sua gratidão: “Caro ministro Mercadante. Aqui é Saulo. Agradeço imensamente o apoio para a minha nomeação na Abin, publicada hoje. Estou à sua inteira disposição aqui na agência.” O presidente do BNDES respondeu, parabenizando Saulo pelo “grande desafio” que teria pela frente.

Permanece sem clareza o motivo pelo qual Mercadante, atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), manifestou interesse no funcionamento da Abin, cuja função principal é fornecer informações estratégicas, frequentemente sigilosas, ao presidente da República em diversas áreas.

A assessoria de Mercadante negou que tenha havido um pedido por cargos, afirmando que ele solicitou apenas indicações para compor um grupo de trabalho encarregado de realizar uma análise e diagnóstico do setor, um procedimento habitual em todas as áreas do governo. Para a Abin, esse grupo de trabalho recomendou a transferência do órgão do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para a Presidência da República, uma mudança que posteriormente foi efetivada.

Recentemente, a Abin se viu envolvida em um escândalo que ocorreu durante a gestão Bolsonaro. De acordo com a Polícia Federal, servidores da agência utilizaram ilegalmente um sistema israelense para monitorar a geolocalização de jornalistas e autoridades públicas, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal. A PF realizou buscas e apreensões na sede da Abin e deteve funcionários da agência. Conforme a coluna noticiou, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, manifestou preocupação com a forma como a operação foi conduzida.




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