Polícia Federal declara inocência do assessor de Zambelli e afirma que o Hacker Delgatti “inventou a história”
A investigação da Polícia Federal sobre a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em janeiro deste ano revela que o valor de R$ 10,5 mil pago a Walter Delgatti Neto, um ex-assessor da deputada Carla Zambelli, não está relacionado ao crime, mas à venda de garrafas de uísque, segundo publicação do portal G1.
De acordo com a defesa do hacker, ele recebeu R$ 40 mil para tentar invadir sistemas do Judiciário, parte em transferências bancárias e parte em dinheiro vivo, no entanto, o laudo se refere apenas aos R$ 10,5 mil, sem mencionar o restante do dinheiro.
Delgatti afirmou que os R$ 10,5 mil foram pagos por Renan Goulart, um ex-assessor de Zambelli, em troca da tentativa de invasão dos sistemas judiciários. Goulart alegou que fez os Pix para Delgatti em troca de garrafas de uísque, que ele posteriormente revendeu. O comprador final confirmou a história, e conversas de WhatsApp encontradas pela PF corroboram a venda das garrafas.
A defesa de Delgatti mantém a alegação de que os pagamentos tinham como objetivo a invasão dos sistemas judiciários, apesar das alegações em contrário.
Além dos R$ 10,5 mil, Delgatti também recebeu R$ 3 mil de outro assessor de Zambelli, Jean Hernani de Sousa, que afirmou que o valor estava relacionado a serviços de redes sociais e do site da deputada. Zambelli ainda não prestou depoimento à polícia, mas ela alegou publicamente que contratou Delgatti para gerenciar seus perfis e site, embora o serviço não tenha sido prestado.
A invasão do CNJ resultou na emissão de um falso mandado de prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, assinado pelo próprio magistrado, bem como em uma falsa quebra de sigilo bancário do mesmo. O inquérito sobre a invasão está em fase final, e nenhuma conversa entre Zambelli e Delgatti foi encontrada em celulares apreendidos, de acordo com os laudos periciais do inquérito da PF.
Os únicos áudios conhecidos até o momento foram divulgados por um blog, nos quais Zambelli pediu a Delgatti o endereço de um ministro do STF. Esses áudios foram encaminhados a um amigo de Delgatti e não estão no inquérito. Zambelli alegou que sua mãe queria enviar uma carta ao ministro para “sensibilizá-lo” sobre investigações envolvendo a deputada.
Um laudo pericial mostrou que a invasão dos sistemas ocorreu dois meses antes do falso mandado de prisão, e a PF encontrou uma falsa ordem de quebra de sigilo de Moraes no computador de Delgatti gerada um dia antes do envio das mensagens atribuídas a Zambelli. A defesa de Delgatti planeja enviar essas mensagens à polícia para demonstrar o envolvimento de Zambelli no crime, embora a deputada negue ter conhecimento da invasão e refute as acusações de Delgatti.