Agentes da ABIN são presos pela Polícia Federal com Us$171 mil
Nesta sexta-feira, 20, a Polícia Federal (PF) realizou a operação “Última Milha”, que desvendou um esquema de espionagem ilegal, conduzido por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Na operação, foram apreendidos mais de 171 mil dólares (US$ 171.800) em espécie na residência de um dos funcionários investigados. O foco da investigação gira em torno do uso impróprio de um sistema de geolocalização de dispositivos móveis, que ocorria sem a devida autorização judicial. Esse sistema era utilizado para espionar celulares ilegalmente.
Dois servidores da Abin foram presos preventivamente, incluindo um profissional especializado na área de contra-inteligência cibernética da agência, Rodrigo Colli, e um oficial de inteligência, Eduardo Arthur Izycki. Além das prisões, a PF cumpriu cinco mandados de afastamento no Distrito Federal e 25 mandados de busca e apreensão, sendo 17 no DF, um em Goiás, um em São Paulo, dois no Paraná e três em Santa Catarina. Essas ações foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Conforme as investigações da PF, o sistema de geolocalização utilizado pela Abin representava uma intrusão na infraestrutura crítica da telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos. Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
A Agência Brasileira de Inteligência manifestou cooperação com as autoridades, incluindo a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal, desde o início das apurações que foram instauradas em 21 de março de 2023. A Abin informou que o sistema de rastreamento não era utilizado desde 2021 e que vem cumprindo as decisões judiciais, incluindo as expedidas na manhã desta sexta-feira. Como resultado, os servidores investigados foram afastados cautelarmente. A agência reiterou seu compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito.