Márcio França se irrita com reforma ministerial e pode deixar o Governo Lula, diz Estadão
A movimentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para inserir um representante do Centrão no Ministério de Portos e Aeroportos causou rebuliço no PSB. Diante da evidente insatisfação do ministro Márcio França, atual responsável pela pasta, Lula acionou o vice Geraldo Alckmin para mediar a tensão com o aliado antes do encontro marcado com o PSB nesta terça-feira (5). A meta presidencial é clarear o panorama do partido no governo nas próximas horas.
Em um diálogo reservado, França demonstrou sua insatisfação sinalizando que estaria mais inclinado a abandonar o governo do que liderar o recém-anunciado Ministério da Pequena e Média Empresa, uma iniciativa revelada por Lula na semana passada. No entanto, é provável que essa nova pasta fique apenas no projeto, uma vez que nem França nem o Centrão mostram interesse na proposta. Lula já confirmou a nomeação do deputado Sílvio Costa Filho, vice-presidente do Republicanos – uma facção do Centrão, para assumir o comando de Portos e Aeroportos. Apesar de ser um aliado de Lula, a maioria do partido Republicanos havia anteriormente apoiado a tentativa frustrada de reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A concretização da reforma ministerial de Lula está atrelada a uma resolução com França, a figura que anteriormente facilitou a união entre ele e Alckmin. Naquela ocasião, a inesperada aliança entre os então rivais políticos foi carinhosamente apelidada de “Lula com Chuchu”, referindo-se ao apelido de Alckmin. Em uma demonstração de lealdade a Lula, França até desistiu de sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, nomeando sua esposa, Lúcia, como vice na chapa de Fernando Haddad, que agora gerencia o Ministério da Fazenda.