O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) solicitou nesta segunda-feira (24) que o Tribunal inicie uma investigação contra Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC). O pedido ocorre após Campos Neto indicar em uma entrevista na última quinta-feira (20 de julho) que planeja externalizar a gestão de ativos do banco para agentes de mercado privado.
O subprocurador-geral do MPTCU, Lucas Rocha Furtado, argumentou que esse movimento pode comprometer a habilidade do país de cumprir suas obrigações financeiras. Furtado solicitou a imposição de uma medida cautelar para salvaguardar os ativos do banco central de decisões do próprio presidente.
Em sua declaração, Furtado expressou preocupações sobre quem deveria ser responsável pelos ativos estratégicos da reserva financeira internacional do Brasil. O MPTCU pediu ao Tribunal de Contas da União que solicite explicações imediatas a Campos Neto, com o objetivo de garantir a transparência e estabilidade da política monetária brasileira.
O documento também deve ser encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Ministério Público Federal (MPF), para que as entidades correspondentes possam tomar as ações adequadas.
Após o recebimento da denúncia, o Tribunal de Contas da União vai instaurar um processo e designar um relator. Posteriormente, a área técnica analisará a admissibilidade da representação e o mérito será examinado pelos ministros. Não há prazo definido para o caso ser levado ao plenário.
Na entrevista que motivou o pedido de investigação, realizada pela consultoria de investimentos Black Rock Brasil, Campos Neto discutiu a possibilidade de terceirizar a gestão de certos ativos do Banco Central, com o intuito de familiarizar-se com a administração de novos tipos de investimentos antes de assumir o controle da gestão desses ativos.
