Bastidores do TSE: Atraso, áudio vazado, ausência de ministro e indiretas
Jair Bolsonaro foi considerado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma votação de cinco a dois. A sessão foi marcada por atrasos, problemas técnicos e uma corrida para finalizar a votação.
A sessão teve um atraso de 23 minutos no início, pois os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Nunes Marques estavam na sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF) que marcava o encerramento dos trabalhos do semestre. O julgamento, no total, durou aproximadamente duas horas.
Cármen Lúcia, a ministra mais breve, votou em 25 minutos, sinalizando sua decisão de condenar Bolsonaro logo no início da sessão, solidificando a maioria a favor da inelegibilidade do ex-presidente.
Raul Araújo, o único ministro que não estava fisicamente presente na sessão, havia apoiado Bolsonaro em um voto no dia anterior. Ele acompanhou a sessão por videoconferência, uma vez que não estava em Brasília, e a má qualidade da conexão o obrigou a desativar sua câmera por alguns momentos.
A transmissão de Araújo ainda deixou escapar uma frase ao final da sessão: “Tá gravando mais, não”.
Nunes Marques, um dos indicados por Bolsonaro para o STF, disse: “Não estão em julgamento afinidades políticas”. Ele argumentou que as declarações do ex-presidente não tinham “capacidade” de influenciar a corrida presidencial e que eram simplesmente “exercícios de funções privativas do chefe de Estado”. “Mesmo considerando as informações questionáveis, a reunião com embaixadores não conseguiu perturbar a regularidade das eleições”, afirmou.
Alexandre de Moraes, que votou a favor da condenação e da inelegibilidade de Bolsonaro, lembrou um aviso prévio do TSE em 2021: “E digo isso porque nas Aijes julgadas no dia 28 de outubro [de 2021], o investigado era o mesmo investigado nesta presente Aije. À época o então presidente Jair Messias Bolsonaro. Não há como se alegar desconhecimento do que seria abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A Corte já havia decidido isso.”
O presidente do TSE ainda fez uma observação irônica sobre Bolsonaro: “O presidente acordou nervoso um dia e quis desopilar o fígado”, referindo-se a uma reunião com embaixadores como uma “produção cinematográfica para, em tempo real, as redes sociais bombardearem os eleitores com a desinformação”.