Durante uma entrevista exclusiva à CNN, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a culpa pelos altos juros não é do BC, mas sim da dívida do governo. Segundo ele, o governo está competindo com os empresários pelos mesmos recursos disponíveis para investimentos, o que acaba elevando os custos do dinheiro. Campos Neto destacou que se a dívida do governo fosse menor, o custo do dinheiro seria mais baixo para todos.
Campos Neto explicou que as taxas de juros de longo prazo, acima de 6%, refletem a percepção de risco dos investidores em relação à dívida do governo. Ele rebateu a ideia de que a inflação não está associada à demanda, classificando-a como uma falácia. Segundo o presidente do BC, é possível quantificar os componentes de demanda e identificar de onde está vindo essa demanda na economia.
O presidente do BC também falou sobre a autonomia da instituição, destacando que essa condição era fundamental para sua permanência no cargo. Ele afirmou que já atuava de forma autônoma mesmo antes da aprovação da lei de autonomia do Banco Central. No entanto, reconheceu que, após a aprovação da lei, houve mudanças na forma de atuação. Campos Neto também criticou a possibilidade de recondução ao cargo e a inclusão de políticos na instituição, afirmando que sua vontade era de proibir esses mecanismos.
Campos Neto declarou que não espera ser reconduzido ao cargo e que pretende finalizar seu mandato. Ele elogiou o trabalho do BC e disse que pretende cumprir sua missão da melhor forma possível. O presidente do Banco Central ressaltou que é importante fazer uma transição suave quando chegar o momento de passar o bastão para outra pessoa.
