Odebrecht obtém contrato bilionário em Angola para construir ferrovia
A Odebrecht, envolvida em um histórico esquema de corrupção exposto durante os governos do PT, conseguiu um contrato bilionário em Angola para construir uma ferrovia no país africano. A relação entre a construtora e a nação angolana já tem mais de 30 anos, marcados por polêmicas.
O contrato mais recente entre a Odebrecht e o governo angolano tem uma quantia vultosa de 1,168 bilhão de dólares (R$ 5,92 bilhões). O acordo prevê que a Odebrecht e a Bento Pedroso Construções serão responsáveis pela obra da ferrovia Luena-Saurimo do Caminho de Ferro de Benguela. O presidente angolano alegou que o alto investimento se justifica pela necessidade de melhorar o transporte ferroviário, o volume de mercadorias e o número de passageiros transportados, sublinhando a importância desse eixo ferroviário na ligação entre o litoral e o interior de Angola.
O objetivo da obra é fazer com que aquela região do país africano possua um meio de transporte seguro, confiável e competitivo que potencie atividades como a mineração, altamente dependente dos meios de transporte para suprir as necessidades logísticas, segundo a agência de notícias Lusa.
No entanto, negócios entre a Odebrecht e Angola já haviam chamado a atenção anteriormente. A empresa chegou a ser criticada por ativistas que a acusavam de manter “relações promíscuas” com o alto escalão do governo angolano, principalmente com o ex-presidente José Eduardo dos Santos. A relação entre a construtora e o alto escalão do país africano apareceu em um dos investimentos mais importantes da empresa em Angola, o projeto Biocom. Na iniciativa, a Odebrecht tinha como sócia uma empresa controlada por autoridades angolanas, a Damer, que posteriormente foi substituída pela Cochan.
Além disso, a parceria envolvendo a Odebrecht foi condenada em 2015 pela Justiça do Trabalho brasileira por promover tráfico de pessoas e manter trabalhadores em condições análogas à escravidão na construção de uma usina de açúcar e etanol em Angola.
Outro investimento polêmico ocorreu quando a Odebrecht associou-se a filhos do então presidente angolano José Eduardo dos Santos. O consórcio Muanga, formado para prospectar diamantes na província de Lunda-Norte, tinha uma sociedade entre a Odebrecht, a estatal diamantífera Endiama e a Di Oro, essa última formada por filhos de Santos. Posteriormente, a sociedade foi encerrada.