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“Manspreading”, sentar de pernas abertas em público é machismo


O “manspreading”, ato de homens sentarem com as pernas abertas em locais públicos está sendo considerado como machismo. O termo, que supostamente é resultado da “sociedade patriarcal”, surgiu em 2013 na rede social Tumblr, mas ganhou força quatro anos depois, na Espanha, que chegou a criar uma campanha de conscientização contra as pernas abertas nos ônibus e metrôs.

O assunto virou alvo de debate nas redes sociais, depois que o jornal O Globo ouviu mulheres incomodadas com a prática e publicou uma reportagem sobre o assunto. “Às vezes, peço licença, e continuam do mesmo jeito”, relatou uma entrevistada. “Nunca sabemos como vão reagir”. “De tanto passar por essa situação, evito viajar ao lado de homens”, disse uma estudante.

A Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da UFMG, Marlise Matos afirma que dar nome a comportamentos do tipo é importante para torná-los visíveis. “Assim, politizamos dimensões cotidianas da vida que passam despercebidas na sociedade patriarcal”, afirma. Ela cita as campanhas “Não é não!” e “Chega de fiu fiu” como iniciativas do tipo importantes no Brasil para coibir posturas abusivas masculinas, mas reconhece que as companhias de transporte poderiam se empenhar mais no tema. “Ações publicitárias massivas são um bom recurso para criar o debate. Se não, as pessoas acham que o problema não existe.”

Em debates na internet, pessoas mencionaram a existência de homens que têm desconforto nas genitálias e que, em alguns casos, não conseguem fechar tanto as pernas. Apesar de discordar dessa tese, um médico entrevistado pelo jornal O Globo não fala em machismo, mas, sim em “falta de educação”.

De acordo com a lei nº 11.340, também conhecida como lei Maria da Penha, a violência psicológica é considerada qualquer ação que cause algum dano emocional, diminuição na autoestima, que prejudique o desenvolvimento da mulher ou vise degradar ou controlar seus comportamentos, crenças e/ou decisões.

Ainda no que se refere à violência psicológica, o movimento feminista tem buscado explicar e exemplificar de forma mais contextual como tal abuso acontece. Desta forma, surgiram os seguintes termos em inglês: gaslighting, mansplaining, manterrupting, bropriating e manspreading. Segue adiante uma breve explicação da Organização Não Governamental qgfeminista sobre esses termos:

Gaslighting: Quando um homem manipula as situações para a mulher acreditar que a realidade que ela está tendo contato não é real. A mulher se sente confusa, podendo até mesmo duvidar do que está vendo, do que sabe e das suas próprias percepções. Geralmente o gaslighting é utilizado como forma de encobrir outros comportamentos abusivos.

Mansplaining: Quando um homem explica algo que é óbvio para aquela mulher (por exemplo: um homem não psicólogo explicando sobre psicologia para uma mulher psicóloga), quando um homem tenta explicar os sentimentos, pensamentos, comportamentos e o próprio funcionamento do corpo da mulher para ela mesma (por exemplo, um homem explicando sobre menstruação para uma mulher). No Brasil, popularmente o homem que comete mansplaining é chamado de “macho palestrinha” e geralmente essa violência acontece em qualquer lugar e situação, o que pode gerar diminuição da autoestima e autoconfiança, como também invalidação dos conhecimentos da mulher diante de outras pessoas e de si mesma.

Manterrupting: Quando uma mulher está falando e algum homem a interrompe sem deixar com que a mesma conclua o que está dizendo, podendo atrapalhar a sua linha de raciocínio. O manterrupting é uma maneira de tentar desnortear uma mulher para que ela se perca na sua própria fala, acontecendo com mais frequência em reuniões de trabalho e/ou de amigos, fazendo com que a fala da mulher tenha menor validade ou seja desconsiderada.

Bropriating: Quando um homem se apropria de alguns feitos, estudos, pesquisas, realizações, serviços ou produtos que uma mulher produziu. Ao longo da história é muito comum que maridos tenham se apropriado das produções de suas esposas, pois em muitos momentos não era permitido que as mulheres se posicionassem no mercado de trabalho ou na academia. O bropriating se dá principalmente em reuniões formais e/ou informais causando o silenciamento e apagamento histórico das mulheres diante de suas próprias realizações.

Manspreading: Quando um homem se espalha corporalmente em diversos espaços (por exemplo: sentar de pernas abertas ocupando duas cadeiras, podendo encostar na pessoa ao lado – geralmente mulher ou utilizar de um espaço que não é destinado a ele). O manspreading acontece com maior frequência em transportes públicos.

 




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