O juíz Eduardo Fernando Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba foi designado como novo magistrado para os processos da Operação Lava Jato. Antes de assumir a função, Appio integrava a 2ª Turma Recursal da Justiça Federal e utilizava a alcunha “LUL22” no sistema processual da Justiça (e-proc), em referência à campanha eleitoral do presidente Luis Inácio Lula da Silva.
No ambiente virtual, é exigido dos magistrados a escolha de uma sigla como assinatura, habitualmente com três letras e dois números. É aconselhado que se faça a alteração periódica dessa sigla, mas o sistema armazena o registro das combinações anteriores de cada juiz.
A assinatura foi alterada depois que o magistrado assumiu o comando da operação da 13ª Vara Federal, todavia o CPF do novo juíz da Lava Jato consta como doador da campanha do presidente Lula e para a deputada estadual Ana Júlia Pires Ribeiro (PT-PR) com R$ 13 e R$ 140, respectivamente.
O nome do magistrado aparece na plataforma de candidaturas e contas eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como um dos integrantes das doações coletivas.
Nas últimas semanas, Appio passou a criticar a atuação do senador Sergio Moro (União-PR), ex-juíz da Lava Jato, e do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-procurador da operação e declarou ser grande admirador do advogado Cristiano Zanin, um dos advogados de Lula nos processos da Lava Jato.
Questionado por que adotou o “LUL22” como assinatura oficial nos seus despachos o juiz disse não iria comentar o motivo, mas que se trata de uma questão de “segurança cibernética” e o “código não tem nenhum vínculo ideológico ou partidário com Lula”.
Tão logo assumiu a operação, o tom das declarações de Appio mudou, afirmando que “tentará manter vivo o legado da maior investigação contra a corrupção do país”.
“A Lava Jato na minha mão não vai morrer, não vou ser o coveiro oficial da Lava Jato, de forma alguma”, disse. “Não aceito esse papel histórico”, mas opinou sobre o juíz anterior, Sérgio Moro chamando-o de “populista judicial”.
“Houve, de forma intencional ou não, uma politização da operação”, disse. “Quem fala aqui é uma pessoa que, no início da operação, colocou um adesivo no carro: ‘Eu apoio a Lava Jato’”.