Microempreendedores individuais ganham mais do que os trabalhadores de carteira assinada
Em 2009, quando foi criado, o MEI tinha 44.188 inscritos e em 2022 o programa já havia ultrapassado os 14,8 milhões de inscritos
Um levantamento feito com 5 milhões de microempreendedores individuais (MEIs) contribuintes da Previdência Social, demonstrou que estes têm maior rendimento e mais escolaridade do que os trabalhadores de carteira assinada.
A pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), utilizou a base de dados do terceiro trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os resultados da pesquisa apontaram que os MEIs que apresentam ensino superior chegam a 31,3%, com 12,2 anos de estudo em média, enquanto os profissionais de carteira assinada com essa qualificação são de 22,4%, com 11,8 anos em média de estudos.
Sobre a renda mensal, os MEIs têm o maior valor entre os segmentos pesquisados, com média R$ 3.783, os trabalhadores de carteira assinada com R$ 2.650, àqueles que trabalham por conta própria com R$ 2.183 e os informais com R$ 1.864.
Um dos responsáveis pelo levantamento, o pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV Ibre, Fernando de Holanda, a pesquisa aponta que só 11,4% dos MEIs ganham menos do que um salário mínimo, enquanto entre os autônomos o índice é de 39,8%, demonstrando que o MEI não está atingindo os trabalhadores mais vulneráveis
“Quando você compara o grupo por conta própria, você vê que eles têm um perfil muito diferente do perfil que tem MEI. Com isso, você acaba gerando uma distorção adicional. Você está encaminhando mais recursos públicos, via subsídio, para um público que em tese não estaria precisando desse subsídio”, disse o economista.
A hipótese do pesquisador é de que os trabalhadores formais estão deixando a carteira assinada para se tornar MEI porque a contribuição previdenciária é mais vantajosa. O valor corresponde a 5% do salário mínimo atual, o que equivale a R$ 66.
Em 2009, quando foi criado, o MEI tinha 44.188 inscritos e em 2022 o programa já havia ultrapassado os 14,8 milhões de inscritos, com 1,5 milhões somente na variação e 2021 para 2022.