O Banco Central da República Argentina (BCRA) aprovou na sexta-feira, 03, a emissão de cédulas de 2.000 pesos. Até então, o papel de maior valor emitido no país era de 1.000 pesos. O novo valor equivale a R$ 54,81, segundo a cotação atual, por volta de US$ 10, mas no câmbio paralelo o valor cai para US$ 5. A circulação da nova cédula está prevista para começar no 2º semestre deste ano.
A imprensa argentina tem chamado de “imposição da realidade” e divulga que a autoridade monetária daquele país já trabalha com a possibilidade de emitir ainda a cédula de 5 mil pesos. O lançamento se dá em meio a um dos piores períodos inflacionários que o país já passou nos últimos anos. Em dezembro de 2022, a inflação oficial anual da Argentina acelerou pelo 11º mês seguido, com uma alta de 5,1%. Com isso, o indicador chegou a 94,8% no ano. Trata-se da inflação mais alta no país desde outubro de 1991, quando a taxa anual ficou em 102,4%.
A demanda por notas com cifras maiores vem dos empresários locais que estão preocupados com aumentos dos custos e da insegurança para transportar o dinheiro. No começo de janeiro, a Federação do Comércio e Indústria da Cidade de Buenos Aires (Fecoba) pediu as novas emissões alegando esses motivos.
“Transportar, mobilizar, extrair um número cada vez maior de cédulas, além de gerar complicações e gastos, provoca situações de insegurança cada vez mais frequentes”, disse Fabián Castillo, presidente da Fecoba.
Segundo a autoridade monetária, a nova cédula foi elaborada em colaboração com a Casa de Moeda do país e comemora o desenvolvimento da ciência e da medicina na Argentina. Ela estampa as figuras de Cecilia Grierson, primeira médica da Argentina, e Ramón Carrilo, neurocirurgião e primeiro ministro da Saúde do país, além do prédio do Instituto de Microbiologia de Buenos Aires.
Desde o lançamento da nota de 1.000 pesos, há cinco anos, a inflação acumulada ultrapassou 840%. Ou seja, hoje seriam necessários 9.400 pesos para equalizar o poder de compra.