Em depoimento, Torres afirma que PMDF não seguiu o protocolo planejado
“Se tivessem cumprido o plano assinado, esses fatos jamais teriam acontecido”, garante o e-ministro
Na quinta-feira (2), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres prestou depoimento à Polícia Federal, por mais de 10 horas, sobre os atos do dia 8 de janeiro. Segundo Torres, a incursão dos manifestantes à Praça dos Três Poderes só aconteceu porque forças de seguranças não seguiram o planejamento que foi traçado em reunião ocorrida dois dias antes, que teve a participação de representantes das forças de segurança, do Legislativo e do Executivo federal.
De acordo com o ex-secretário de segurança do DF pontuou que foi estabelecido um Protocolo de Ações Integradas (PAI) que foi encaminhado aos órgãos e às instituições necessários. Torres confirma que recebeu a informação de que haveria a manifestação, mas alega que a SSP-DF não possui atribuições de responsabilidades operacionais necessárias.
Segundo Torres, participaram da reunião que aconteceu no dia 6 de janeiro: representantes das polícias Civil e Militar do DF, do Corpo de Bombeiros Militar, do Detran, do DF Legal, do Senado, da Câmara, do Supremo Tribunal Federal, do Ministério de Relações Exteriores, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento de Estradas de Rodagem do DF.
O ex-ministro garante que se o protocolo fosse seguido, “os atos criminosos do dia 8/1” teriam sido impedidos”. “Se tivessem cumprido o plano assinado, esses fatos jamais teriam acontecido”, garante Torres.
No depoimento, ele ainda apontou que caberia à PMDF “planejar e executar ações de policiamento ostensivo com o objetivo de manter e preservar a ordem pública durante a realização do evento, empregando para esse fim efeitos e meios necessários, conforme planejamento da própria instituição e o acordado na reunião realizada no dia 6”., Ou seja, a PM deveria ter dado toda a estrutura e disponibilizado uma tropa especializada em controle de distúrbio no caso de perturbação da ordem, além de impedir o acesso de pessoas ou veículos à Praça dos Três Poderes, “conforme tratado em reunião e no protocolo de ações”.
A Polícia Militar também deveria manter reforço de efetivo nas adjacências e no perímetro interno dos prédios públicos em toda a extensão da Esplanada dos Ministérios, do Congresso Nacional e da Praça dos Três Poderes, pontuou Torres.
O ex-secretário ainda afirmou que não recebeu o planejamento operacional da PM, e que soube somente no relatório final da intervenção na Segurança Pública do DF, que esse planejamento simplesmente não existia.
Torres defendeu que não cabe à SSP dimensionar a tropa ou interferir na execução ou elaboração dos planos operacionais da organização.