A Bolsa de Valores Brasileira (B3) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), projetam o fechamento do primeiro mês de 2023 sem nenhuma oferta de ações, seja ela um IPO (oferta primária) ou follow-on (secundária). Desde 2019, essa é a primeira vez que janeiro não tem uma oferta de ações.
Esta situação acontece principalmente no processo de bookbuilding (registro de demanda). Quando desejam oferecer ações no mercado, as empresas contratam bancos para entrarem em contato com investidores apresentando a companhia e mostrando por que é interessante comprar aquela ação. Assim, o preço do papel na oferta é definido conforme o interesse e a demanda dos investidores.
Depois de bater recorde em 2021, o número de empresas interessadas em abrir capital na B3 zerou. Só em janeiro, 13 empresas desistiram do IPO (oferta pública inicial) e outra teve o pedido cancelado. O número de empresas brasileiras que desistiram da operação em janeiro é o maior para um mês desde o início da pandemia de covid-19. Também é o maior volume de desistências registrado em 1 mês desde 2017.
Com o mercado estagnado e sem interesse por renda variável hoje, o valor da ação acaba não sendo atrativo e as empresas suspendem o processo de abertura de capital. Na bolsa, as companhias realizam ofertas de ações porque uma porcentagem do que é vendido ao mercado fica no seu caixa. Com a perspectiva da cotação ser menor, a captação de recursos também fica reduzida.
Os primeiros dias do governo Lula foram vistos por investidores com ressalvas, principalmente por conta de propostas que se chocam com o teto de gastos. Com isso, a bolsa sentiu reflexos do aumento da sensação de risco fiscal no país e o mercado de renda variável vive de muitos altos e baixos desde que a taxa de juros estagnou em 13,75%.
Diante desse cenário, os investidores optaram por migrar seus investimentos para renda fixa e, consequentemente, dificultaram para as empresas a realização de oferta de ações na Bolsa.