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Prefeito e marido da ministra do Turismo demitiu servidores que não apoiaram Lula

“Os traidores não ficarão mais conosco, porque quem não chorou conosco na hora da luta, não pode sorrir conosco na hora da vitória”, disse o prefeito


O prefeito do município de Belford Roxo no Rio de Janeiro, Wagner Carneiro (Waguinho) demitiu servidores da prefeitura que se recusaram a apoiar a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições.

Cinco ex-funcionários que contrariaram a orientação de participar dos eventos da campanha após o expediente disseram que além de terem sido exonerados por Waguinho, ainda não receberam salários desde outubro.

“Fui cancelada por apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e não fui nas reuniões que eles obrigavam a ir”, conta a professora Simone Oliveira que recebeu seu último salário em setembro. “Eles diziam: ‘Se não for, o nome vai ser anotado e vai ser exonerado’”, concluiu.

A prefeitura de Belford Roxo emitiu nota oficial informando que as dispensas aconteceram porque “foi criada uma estrutura administrativa, já aprovada na Câmara Municipal e que se algum servidor compareceu a eventos políticos de qualquer candidato, foi de livre vontade”.

“Fui exonerada umas cinco vezes e voltei as cinco vezes”, relatou ela. “Todo ano é a mesma coisa, levar papel, ficha criminal. Ele sempre pagou quando quis e quanto quis”, conta a professora Simone, descrevendo que este tipo de atitude é frequente nas gestões de Waguinho.

Outros ex-funcionários contaram histórias parecidas e declaram não ter dúvidas de que foram desligados em virtude de suas posições políticas e que, ao buscar justificativas, ainda foram informados que suas redes sociais estavam sendo monitoradas.

Em um dos grupos criados nas redes sociais para apoiar no Lula, uma administradora escreve: “Pessoal peço para que todos aqui do grupo estejam presentes amanhã lá no centro de Belford Roxo, o grupo foi criado para apoiar o candidato Lula, infelizmente muitos do que aqui estão, não estão comparecendo aos eventos do nosso grupo”. Em outro dia, ela escreveu: “Lembrando sempre que ninguém é obrigado a ir, tem que ir de coração”.

Confirmada a vitória de Lula, o prefeito discursou na praça da cidade e sentenciou: “Os traidores não ficarão mais conosco. E se você conhece algum Judas, denuncie, porque quem não chorou conosco na hora da luta, não pode sorrir conosco na hora da vitória”.

O Ministério Público do Rio de Janeiro está apurando as demissões em massa e recomendou a prefeitura, na quarta-feira 25, a abrir concursos públicos para equilibrar a proporção entre os cargos comissionados e efetivos.

“As readmissões estão sendo realizadas de acordo com as necessidades de cada setor“, argumentou a prefeitura. “Os funcionários readmitidos são técnicos ligados diretamente a serviços essenciais.” O município, no entanto, não detalhou quantas pessoas foram demitidas em outubro, novembro e dezembro e nem o motivo de os exonerados continuarem trabalhando sem receber.

 




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