Doria diz que vai comprar doses da Coronavac caso o governo federal se recuse
Após a negativa na última semana do presidente Jair Bolsonaro em adquirir as doses da CoronaVac, o governador João Doria disse nesta quarta-feira, 28, durante coletiva de imprensa que, se o governo federal realmente não comprar as doses da vacina, o Estado de São Paulo fará isso, além de disponibilizar o imunizante para outros estados que tiverem interesse em adquiri-lo. “O ideal é que façamos o rito dos últimos 50 anos, aquisição e distribuição pelo Ministério da Saúde. Mas se houver uma negativa por razões de ordem política e ideológica, São Paulo, mediante aprovação da Anvisa, comprará, distribuirá e disponibilizará [a vacina] a todos os outros governadores”, afirmou Doria.
A Anvisa já liberou a importação de 6 milhões de doses da CoronaVac, que virão prontas da China. Já as outras 40 milhões serão fabricadas pelo Instituto Butantan, que aguarda o aval da Anvisa para importação da matéria-prima adquirida do laboratório chinês Sinovac. Segundo o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, a ideia é que em dezembro o Estado tenha 46 milhões de doses prontas. “Depois, depende de qual programa de vacinação se seguirá, que pode ser federal ou estadual. Nunca houve no Brasil campanhas estaduais. O ideal é que as vacinas fossem incorporadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI), não tem sentido pensarmos que essa vacina, estando aprovada e registrada na Anvisa, não seja usada pelo PNI. Porém, se essa hipótese não acontecer, o financiamento poderá ser feito pelos estados e municípios”, afirmou.
Dimas Covas voltou a reclamar da demora da Anvisa em autorizar a importação da matéria-prima. De acordo com o presidente do Instituto Butantan, a fábrica para a produção da Coronavac já está pronta, e só falta o aval da agência regulatória. “Obviamente que cada dia conta. Nossa previsão era para iniciar a produção agora na segunda quinzena de outubro. No dia 23 de setembro foi solicitada uma autorização da Anvisa para importação da matéria prima da China, e até hoje não saiu. Portanto, esse atraso pode sim ter efeito na produção da vacina. (…) Tem a necessidade da urgência, e esperamos que a Anvisa se pronuncie o mais rápido possível favorável à importação”, disse Covas.
Posicionamento da Anvisa
No último dia 23, a Anvisa publicou uma nota de esclarecimento para negar que o atraso seria proposital. Segundo a agência, o processo já havia sido analisado antes da declaração de Dimas Covas, e “discrepâncias” foram encontradas nos pedidos. “Informamos ainda que, no mesmo processo dos insumos, encontra-se o pedido de autorização excepcional para importação de vacina na forma de seringa preenchida e na forma de um produto intermediário, isto é, o produto não envasado/bulk”, disse a Anvisa. Por serem produtos em condições sanitárias diferentes, a Anvisa está colocando o pedido de importação de vacinas já envasadas do Instituto Butantan sob análise da diretoria. “Para não haver perda de tempo, o processo foi desmembrado e as vacinas envasadas terão sua análise feita no prazo máximo de até cinco dias úteis, separadamente da análise do pedido de insumos”, pontuou a nota. “Assim sendo, não há nenhum tipo de retardo/atraso/morosidade por parte da Anvisa. A análise foi feita e as discrepâncias foram encaminhadas para o laboratório a fim de serem solucionadas”, finalizou o documento. A informações são da Jovem Pan.