Senado dos EUA aprova indicação da conservadora Amy Coney Barrett para a Suprema Corte
O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta segunda-feira (26) o nome da juíza Amy Coney Barrett, de 48 anos, para a Suprema Corte. A magistrada, uma católica de perfil conservador, foi escolhida há um mês pelo presidente Donald Trump para substituir a progressista Ruth Bader Ginsburg, morta em setembro.
A aprovação era esperada porque o Partido Republicano, o mesmo do presidente Trump, detém a maioria do Senado. Foram 52 votos a favor e 48 contra. Os democratas preferiam que a escolha do novo juiz ocorresse depois das eleições de novembro, quando os americanos também elegerão novos senadores em alguns dos estados, informa o G1.
A oposição argumentou, sem sucesso, que a nomeação de Barrett era uma manobra para que os juízes conservadores ampliassem a maioria na Suprema Corte antes das eleições — os democratas temem que uma votação apertada judicialize o resultado eleitoral.
Barrett passou nas últimas semanas por uma série de sabatinas entre senadores. Ela evitou se antecipar sobre casos judiciais polêmicos nos Estados Unidos, como a decisão da década de 1970 que permitiu o aborto em todo o país — setores políticos mais conservadores esperam que a nova maioria ampliada na Suprema Corte reverta a decisão.
A recente discussão sobre nomear um juiz às vésperas das eleições presidenciais fez algumas alas do Partido Democrata a cogitar apoiar o aumento no número de cadeiras na Suprema Corte, caso Joe Biden se eleja. O candidato da oposição se esquivou de dizer que pretende fazer isso, mas disse que pode criar uma comissão bipartidária para avaliar o assunto.
Com a nova juíza, serão seis conservadores contra três progressistas. Veja como fica a Suprema Corte.
Juízes de perfil mais conservador
- Clarence Thomas — nomeado em 1991 por George H. W. Bush
- John G. Roberts, Jr. — nomeado em 2005 por George W. Bush
- Samuel A. Alito — nomeado em 2006 por George W. Bush
- Neil M. Gorsuch — nomeado em 2017 por Donald Trump
- Brett M. Kavanaugh — nomeado em 2018 por Donald Trump
- Amy Coney Barrett — nomeada em 2020 por Donald Trump
Juízes de perfil mais progressista
- Stephen G. Breyer — nomeado em 1994 por Bill Clinton
- Sonia Sotomayor — nomeada em 2009 por Barack Obama
- Elena Kagan — nomeada em 2010 por Barack Obama
Quem é Amy Coney Barrett
Mãe de 7 filhos, Barrett é católica e tende a ter visão conservadora em temas como a legalização do aborto — prática permitida nos EUA por uma decisão da Suprema Corte de 1973 que é legalmente questionada com frequência no país. Em 2013, a jurista disse que a vida “começa com a concepção”.
Barrett trabalhou para Antonin Scalia, juiz da Suprema Corte morto em 2016 e a quem a juíza considera um mentor. Ele também era católico e considerado uma das vozes mais proeminentes do conservadorismo americano na Suprema Corte.
A juíza ocupou Tribunal de Apelações do 7º Circuito de Chicago, cargo para o qual a magistrada também recebeu indicação de Trump. Ela ganhou projeção nacional ao dar aulas na Universidade de Notre Dame, em Indiana, mesma instituição onde ela obteve o título de doutora.