Opinião

Para Bebel Gilberto, um erro se justifica com outro


Depois de a cantora Bebel Gilberto ter sambado e pisoteado na bandeira do Brasil que ganhou de presente de um fã da plateia, durante um show na terça-feira (19), na Califórnia, então pensei sobre que tipo de sentimento poderia ter pela nação brasileira. Sim, é pela nação brasileira, porque a bandeira nacional é o símbolo da soberania da República. E não satisfeita com um verdadeiro show, mas de antipatriotismo, mais uma vez a “artista” usou das redes sociais para justificar o injustificável, pois um erro requer um pedido de desculpas ou uma retratação. Dizem que um erro não se justifica com outro, mas pelo visto, para Bebel, se justifica sim.

A postagem nas redes sociais Bebel só confirma que foi tomada por um repúdio do qual teve a infeliz atitude de fazer associação da bandeira do Brasil com o que intitulou “extrema-direita”, ou seja, para ela, o símbolo nacional é a representação de um partido político, e que pelo visto, não consegue sequer exercer o sentimento democrático ou respeito pelas diferenças que, aliás, viver em democracia é saber conviver com as diferenças.

O texto divulgado nas redes sociais de Bebel, ao contrário do que muitos veículos da grande imprensa têm divulgado, não demonstra uma retratação: “amo o Brasil e tenho certeza de que em breve os radicais do ódio serão varridos para o lixo da História”. “Radicais do ódio?”, “lixo da História?”. E mais uma pergunta que não quer calar: esses termos são usuais de uma retratação ou pedido de desculpa? Está mais para uma manifestação pura de intolerância, em que de nada combina com um país democrático.

“Foi um ato impensado meu, porque, se tivesse tido tempo de raciocinar, teria me ocorrido que eu estava entregando de presente para a extrema-direita uma imagem com a qual poderiam destilar o seu ódio repugnante e o seu falso patriotismo”. Trata-se de um discurso pacífico ou ao menos se assemelha com uma retratação? Basta ler com atenção a afirmativa de Bebel para compreender o que ela poderia fazer se tivesse raciocinado naquele momento.

Em entrevista para a CNN na segunda-feira (25), Ives Gandra declarou que a Constituição Federal considera a bandeira como o primeiro símbolo nacional, seguida do hino e dos selos. Com isso, na visão dele, o desrespeito é visto como uma contravenção. O especialista explicou que essa classificação passou a valer a partir de 1971. Até 1969, no entanto, o ato era considerado crime. “No passado, atingir a bandeira nacional constituía um crime. Isso, hoje em dia, talvez se entenda como contravenção”, iniciou.

Para o jurista, apesar de uma contravenção ter de ser analisada a nível estadual, cabe aos Três Poderes se manifestarem sobre o desrespeito da cantora a um dos símbolos da nação. “Quem tem que preservar os símbolos nacionais são os Três Poderes. […] Do ponto de vista exclusivamente penal, eu não vejo porque deixou de ser crime”, defendeu.

Gandra afirma ainda, não ter previsão de como o Supremo Tribunal Federal (STF) pode se posicionar sobre o episódio, mas estima que os ministros da Corte têm dois caminhos: “O Supremo pode ter a iniciativa de tomar alguma atitude ou de criar uma nova [medida] para que isso não volte a acontecer”.




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