Mourão diz que agenda de Bolsonaro foi cancelada por Orçamento
Após o presidente Jair Bolsonaro cancelar a agenda oficial nesta segunda-feira (24), o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que a medida pode estar relacionada a problemas políticos e pontos ligados ao Orçamento da União de 2022.
“Não sei qual é a situação. Acho que é alguma questão ligada a problemas políticos, que ele está tendo que acertar, a questão do Orçamento, que ainda tem alguns acertos, pode ser por isso que ele tenha cancelado”, afirmou Mourão.
Bolsonaro sancionou o Orçamento de 2022 na última sexta-feira (21) e o ato foi publicado no DOU (Diário Oficial da União) na segunda-feira (24). A sanção da Lei Orçamentária ocorre em meio às articulações para as eleições de outubro e sob pressão do funcionalismo público para aumentar os salários.
De acordo com o projeto, Bolsonaro manteve a previsão do reajuste de R$ 1,7 bilhão aos servidores públicos federais. A sanção garante apenas a reserva dos valores. Para que os funcionários tenham, de fato, o aumento, é preciso que o governo elabore um projeto específico com essa finalidade.
O presidente manteve, ainda, o fundo eleitoral de R$ 4,9 bilhões no Orçamento – a quantia representa um aumento de 145% em relação ao ano anterior. Bolsonaro também sancionou as emendas de relator (RP9), apelidadas de orçamento secreto, com o valor de R$ 16,5 bilhões.
Questionado se era possível manter a agenda e lidar com os supostos problemas políticos e econômicos, Mourão respondeu que “a agenda de hoje não tinha nada que fosse irreversível, era com gente da Casa, ninguém viajou para vir encontra-lo aqui”.
Entre os compromissos previstos inicialmente estavam reuniões com o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, com o subchefe para Assuntos Jurídicos, Pedro Cesar Souza, e com o ministro da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos. Bolsonaro também participaria do lançamento do Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário. Não há, ainda, nova data para a apresentação do projeto.
O mandatário cancelou, ainda, a viagem marcada para Cartagena das Índias, na Colômbia, onde participaria nesta semana da Cúpula do Prosul (Fórum para o Progresso e Desenvolvimento da América do Sul). Mourão contou que Bolsonaro pediu para que ele fosse em seu lugar – o vice-presidente deve embarcar na quarta-feira (26).
Bolsonaro também prepara uma viagem à Rússia para o próximo mês. A visita de estado será realizada em meio a tensões entre Kremlin, que há 22 anos está sob o comando de Vladimir Putin, e a Ucrânia. A escalada militar na fronteira entre os dois países é acompanhada com receio pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
Questionado se a viagem pode sofrer alteração ou cancelamento, Mourão disse que ainda não sabe, mas que deve aguardar. “Vamos aguardar. Pode ser que aconteça alguma coisa daqui para lá e ele seja obrigado a cancelar a viagem. Hoje nós tivemos aumento da presença de força, tanto por parte dos russos, que já deslocaram tropas de apoio logístico e suprimento para as fronteiras com a Ucrânia, e o próprio pessoal da Otan deslocando forças para a região limite”, destacou.