UE desiste de implantar “cartilha do politicamente correto” que sugeria abolir o termo Natal
A Comissão Europeia anunciou na terça-feira (30) ter retirado um documento interno que contém uma série de recomendações para se comunicar de forma “inclusiva”, evitando certas palavras e expressões, após um início polêmica da “cartilha do politicamente correto”
Usar o termo “festividades” em vez de “Natal”, evitar o uso de palavras como “chairman” e perguntar os pronomes antes de falar com alguém. Estas eram algumas das diretrizes propostas pela comissária para a Igualdade, Helena Dalli, do Partido Trabalhista, de maneira a garantir uma comunicação mais “inclusiva” no seio da União Europeia.
Com 30 páginas, o documento que continha as diretrizes nunca foi revelado ao público, mas o jornal The Guardian levantou a informação de que uma das propostas passava por abolir o termo “Natal” — usando-se, em vez disso, a palavra “festividades”. “Nem toda a gente celebra os feriados cristãos e nem todos os cristãos celebram-nos nas mesmas datas”, lia-se no texto.
Designações como “senhoras e senhores” (em vez disso devia dizer-se “queridos colegas”), “chairman” ou a utilização da palavra “Homem” enquanto sinónimo de humanidade seriam evitadas. Recomendavam também que se perguntasse os pronomes antes de falar com alguém, utilizando depois aquele que fizesse cada um sentir-se mais à vontade. Seriam ainda de evitar termos como “gay”, “lésbica”, “transgénero” ou “intersexo”. “Deve dizer-se pessoa trans, pessoa gay, para se referir a uma pessoa em específico.”
“Em nome da inclusividade, a Comissão Europeia irá inclusive anular o uso do Natal”, criticou no domingo o jornal italiano Il Giornale.
Dalli disse que sua “iniciativa” de redigir recomendações “buscava alcançar um objetivo importante: mostrar a diversidade da cultura europeia e destacar a natureza inclusiva da Comissão Europeia”.
Num comunicado publicado na sua conta pessoal do Twitter, Helena Dalli diz que a iniciativa almejava um importante objetivo: “Ilustrar a diversidade da cultura europeia e mostrar a natureza inclusiva da Comissão Europeia”. Contudo, reconheceu que a versão das diretrizes publicadas “não servia adequadamente o propósito” e não “correspondia aos padrões da Comissão”. “Por estes motivos, vou desistir destas diretrizes e vou trabalhar mais diligentemente neste documento.”
Na Itália, a publicação desta norma motivou várias críticas. Antonio Tajani, vice-presidente do Partido Popular Europeu e membro do partido Forza Italia, escreveu na sua conta pessoal do Twitter que as diretrizes eram um “absurdo” e “negavam as raízes cristãs da União Europeia”.
Após várias críticas, a maltesa decidiu voltar atrás, admitindo que se tratava de uma ideia “que precisa de mais trabalho”.
Em comunicado publicado na sua conta pessoal do Twitter, Helena Dalli diz que a iniciativa almejava um importante objetivo: “Ilustrar a diversidade da cultura europeia e mostrar a natureza inclusiva da Comissão Europeia”. Contudo, reconheceu que a versão das diretrizes publicadas “não servia adequadamente o propósito” e não “correspondia aos padrões da Comissão”. “Por estes motivos, vou desistir destas diretrizes e vou trabalhar mais diligentemente neste documento.”
No Vaticano, o Cardeal Pietro Parolin também reagiu, referindo que abolir o termo Natal não seria uma forma de eliminar a discriminação, mas antes “destruir e aniquilar” aquilo que “caracteriza o nosso mundo”. “Infelizmente, a tendência é para homogeneizar tudo, não se sabendo respeitar as devidas diferenças, que naturalmente não deviam tornar-se num conflito ou numa fonte de discriminação”, argumentou.