Com popularidade no fundo do poço após gravação com Joesley Batista ser revelada, Temer não descarta disputar eleição em 2022
O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou que não descarta disputar a eleição presidencial em 2022, caso haja um apelo popular, disse o ex-presidente em entrevista à Record News.
Empossado presidente, após o impeachment de Dilma Rousseff, em agosto de 2016, Temer teria que suar muito a camisa, se quisesse mesmo vencer o pleito do próximo ano. Abatido pela gravação de sua conversa com o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, o emedebista encerrou seu mandato, em 2018, com a popularidade no fundo do poço.
A última pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) de seu período como presidente apontou que Temer era considerado ótimo ou bom por apenas 5% dos brasileiros. Outros 74% o consideravam ruim ou péssimo.
Perguntado sobre o que achava de ser indicado, por alguns políticos, como um possível nome para unificar a chamada terceira via, afirmou que, neste momento, a ideia não está no seu “horizonte”, mas aproveitou para mandar um discreto recado à audiência.
Temer lembrou de seu papel de pacificador da crise entre Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF), nas manifestações do Feriado da Independência.
Temer foi procurado por Bolsonaro, segundo alguns jornais, para restabelecer pontes com o ministro Alexandre de Moraes. O resultado foi uma carta redigida por Temer, em que seu sucessor na Presidência afirmava que foi tomado “pelo calor do momento” ao subir o tom contra o STF.
O episódio foi tratado por Temer, na entrevista à Record News, como uma prova de sua habilidade política para costurar acordos e harmonizar a relação entre os poderes da República – algo que, em tese, seria importante para um eventual candidato da terceira via que vencesse em 2022 e herdasse um país polarizado entre lulistas e bolsonaristas.
“Sei que o ato modesto que pratiquei de permitir uma interlocução do Executivo com o Poder Judiciário foi muito útil para o país”, afirmou.
O ex-presidente acrescentou que só se disporia a pensar na corrida presidencial, se, “num dado momento, houver uma conjunção nacional, com vários setores dizendo que essa é a solução, porque já tem experiência e já fez algo”.
“Aí, eu posso examinar [a entrada na corrida presidencial]”, admitiu. “Mas confesso que, neste momento, volto a dizer, não está no meu radar”.
O assunto terminou, quando a repórter insistiu e perguntou se uma eventual candidatura estava totalmente descartada. “Em política nunca se descarta nada, né?”, respondeu Temer.