Em hotel de luxo, Lula diz que “O problema da democracia em Cuba não será resolvido instigando os opositores a criar problemas para o governo”
Dizendo lamentar a fome no Brasil e aproveitando o tour pela Europa, o ex-presidente Lula (PT) foi entrevistado pelo jornal espanhol El País na última sexta-feira (19) no hotel Wellington, um dos hotéis 5 estrelas mais luxuosos de Madrid, com diárias das mais baratas a partir de 2 mil reais, onde estaria hospedado. Ao ser abordado sobre sua posição em relação à ditadura e a limitação de direitos no país caribenho, do qual ele expressa declaradamente ser devoto de Fidel Castro, após a proibição de atos críticos ao regime, Lula demonstrou apoio à proibição das manifestações em Cuba. Na entrevista, Ele demostrou ver como algo corriqueiro a violência empregada pela polícia cubana contra opositores do governo.
Os protestos estavam previstos para ocorrer na última segunda-feira (15), mas foram frustrados pela ditadura do Partido Comunista.
“Essas coisas não acontecem só em Cuba, mas no mundo inteiro. A polícia bate em muita gente, é violenta. É engraçado porque a gente reclama de uma decisão que evitou os protestos em Cuba, mas não reclama que os cubanos estavam preparados para dar a vacina e não tinham seringas, e os americanos não permitiam a entrada de seringas”, afirmou.
O ex-presidente ainda culpou os Estados Unidos pela situação no país “Eu acho que as pessoas têm o direito de protestar, da mesma forma que no Brasil. Mas precisamos parar de condenar Cuba e condenar um pouco mais o bloqueio dos EUA”.
Os organizadores do protesto divulgaram que o fracasso da iniciativa se deu diante de ameaças de prisão e atos de intimidação por parte de autoridades cubanas. Entre as bandeiras do ato estavam a libertação de presos políticos, respeito aos direitos humanos e defesa da democracia.
A jornalista do El País rebateu e disse que é possível fazer as duas coisas: “condenar o bloqueio e pedir liberdade nas ruas aos opositores”.
Lula respondeu que quem decide a liberdade de Cuba é o povo cubano desde que não faça oposição ao governo “O problema da democracia em Cuba não será resolvido instigando os opositores a criar problemas para o governo. Será conquistada quando o bloqueio acabar”.
Na entrevista, o petista ainda foi perguntado sobre a situação da Nicarágua, em que o ditador Daniel Ortega venceu eleições, onde meses anteriores à votação, dezenas de opositores de Ortega, incluindo sete candidatos presidenciais, foram detidos sob acusações de conspiração e outros crimes, o que abriu caminho para a sua vitória. A comunidade internacional reconheceu como legítimo o resultado.
“Não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. Eu fui preso no Brasil. Não sei o que essas pessoas fizeram. Só sei que eu não fiz nada. Na Venezuela espero que se Maduro ganhar [nas eleições regionais e locais] se acate o resultado, e se perder também”, afirmou Lula.