Taiwan suspende aplicação de segunda dose da vacina em adolescentes para avaliar efeitos adversos
O Ministério da Saúde taiwanês anunciou na quarta-feira passada a suspensão por duas semanas da aplicação da segunda dose da vacina da Pfizer/BioNTech contra Covid-19 em adolescentes de 12 a 17 anos, enquanto um painel de especialistas avalia dados sobre casos de miocardite e pericardite, de acordo com a agência estatal de notícias CNA.
Durante essas duas semanas, os especialistas avaliarão dados locais e de outros países sobre efeitos adversos para decidir se continuarão aplicando duas doses do imunizante nas pessoas dessa faixa etária, ou se elas receberão apenas uma dose.
Casos de miocardite, uma inflamação no músculo do coração, e de pericardite, inflamação no tecido externo do órgão, foram registrados em pessoas que receberam imunizantes com base de mRNA, como o da Pfizer. Apesar de raros, os casos ocorrem com mais frequência em jovens do sexo masculino, após a aplicação da segunda dose.
Até o momento, a maioria dos países decidiu aplicar duas doses da vacina da Pfizer em adolescentes. Autoridades de Hong Kong, Reino Unido, Noruega e outros países optaram por administrar apenas uma dose desse imunizante a crianças e adolescentes com 12 anos ou mais – o que ofereceria proteção parcial contra o coronavírus, mas reduziria o risco de potenciais efeitos adversos observados após a segunda dose.
Em Taiwan, a vacina da Pfizer é a única distribuída a pessoas de 12 a 17 anos, faixa etária que começou a ser vacinada em 22 de setembro.
Entre 1,1 milhão de adolescentes desse grupo que receberam a vacina em Taiwan, houve 17 casos relatados de miocardite ou de pericardite, segundo o Centro de Controle Epidêmico local; 14 dos pacientes eram do sexo masculino e três do sexo feminino.
Apenas outros três casos de miocardite foram relatados entre pessoas de outras faixas etárias em Taiwan, sendo todos homens de 18 a 21 anos.
Desses 20 pacientes, 18 já tinham recebido alta, um ainda estava no hospital na semana passada, e o último caso não chegou a ser internado.
Risco-benefício
Em alguns países, incluindo os Estados Unidos, crianças com 5 anos ou mais já estão sendo vacinadas contra a Covid-19.
Conselheiros do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos EUA revisaram, em junho, dados sobre casos de miocardite associados à vacinação e decidiram recomendar a vacina da Pfizer para crianças com 12 anos ou mais, dizendo que os benefícios superam os riscos.
Na sua análise de risco benefício da vacinação contra Covid-19 em adolescentes e jovens adultos, o CDC estima que para cada 1.000.000 de jovens do sexo masculino de 12 a 17 anos vacinados com a segunda dose de uma vacina de mRNA, ocorra um máximo de 69 casos de miocardite.
Ao mesmo tempo, estima-se que a vacinação evitaria, nesse grupo, 5.700 casos de Covid-19, 215 hospitalizações, 71 internações em UTIs e duas mortes – em um período de 120 dias, considerando a taxa de transmissão do coronavírus nos EUA naquele momento.
Entre as meninas dessa faixa etária, a estimativa é de 8 a 10 casos de miocardite por 1.000.000 de vacinas de segunda dose, com a prevenção de 8.500 casos e de uma morte por Covid-19, ainda segundo os dados do CDC americano.