Minas afasta jogador Maurício por homofobia
O central Maurício Souza, do Minas Tênis Clube, foi multado e afastado do clube por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em reunião da diretoria ontem (26), após fazer comentários homofóbicos nas redes sociais. O clube foi cobrado por patrocinadores para tomar medidas cabíveis e a decisão foi tomada. Além da multa e do afastamento, o atleta também deverá se retratar publicamente.
Em suas redes sociais, no último dia 12 de outubro, o jogador criticou o anúncio da editora DC Comics sobre o novo Super-Homem se descobrir bissexual nas próximas edições dos quadrinhos.
A decisão foi publicada pelo clube já à noite. De um lado, torcedores e seus dois grandes patrocinadores, Fiat e Gerdau, cobravam uma postura rígida do Minas contra Maurício Souza. Mas, de outro, o restante do elenco defendia o colega. Uma carta foi lida durante a reunião da diretoria, onde foi informado que o durante a reunião da diretoria, onde foi informado que o documento contaria com o respaldo de todo o elenco. O grupo defendia o direito à “liberdade de expressão” de Maurício Souza e dizia que, se o central fosse demitido, eles não continuam no Minas Tênis Clube.
Ao menos dois jogadores, Maique e Luciano, se negaram a assinar a carta. Maique, inclusive, se pronunciou pelas redes sociais negando participação no documento. Honorato também.
William Arjona negou participação no documento, conforme foi citado na reunião, e, pelo Twitter, disse que “não compactua com o posicionamento do Maurício Souza”. “Sou contrário a manifestações preconceituosos, homofóbicas ou racistas. Construí minha carreira nesses trinta anos com muita disciplina e suor, sempre respeitando as diferenças. Nunca me envolvi em polêmicas, por preservar meus filhos e minha família, que é o bem mais precioso que conquistei”, escreveu.
A discussão interna no Minas é se a postagem de Maurício criticando o fato de o atual Superman nos quadrinhos ter se assumido bissexual fere a legislação contra homofobia ou se encaixa no direito à liberdade de expressão. Desde o post, em 12 de outubro, a diretoria do clube tem conversado sobre o assunto e o entendimento era que, por mais que o post fosse reprovável, não configurava crime. “Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”, escreveu o jogador em suas redes sociais.
Sem base jurídica para acusar Maurício de homofobia, o Minas não teria como demitir o jogador, que tem carteira de trabalho assinada e também contrato de imagem. Foi por isso que, ontem, ao divulgar nota sobre o assunto, o clube reprovou o post, mas disse que “todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais.
A nota, porém, causou mal-estar interno dentro do clube e diante de uma parte dos fãs, que tem grande presença de pessoas LGBTQIA+, e aos dois patrocinadores que, na prática, são mantenedores da equipe. Fiat e depois Gerdau publicaram nota exigindo que o Minas tomasse medidas concretas e urgentes.
O Minas então decidiu afastar o jogador enquanto o clube discute juridicamente as possibilidades de romper o contrato. Também ficou combinado que, se Maurício se retratar pela fala homofóbica, ele poderá ser reintegrado ao elenco.
Há especulações no clube que alguns jogadores não assinaram a carta em defesa do central por ele ser apoiador do presidente Bolsonaro em suas redes sociais.