Talibã quer poder discursar na Assembleia Geral da ONU
O Talibã pediu para se pronunciar aos líderes mundiais na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, nesta semana, e nomeou seu porta-voz Suhail Shaheen, radicado em Doha, como embaixador do Afeganistão na ONU, de acordo com uma carta vista pela Reuters nessa terça-feira (21).
O ministro das Relações Exteriores do Talibã, Amir Khan Muttaqi, fez o pedido em carta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, na segunda-feira. Muttaqi pediu para falar durante o encontro anual de líderes da Assembleia Geral.
O porta-voz de Guterres, Farhan Haq, confirmou a carta de Muttaqi. A medida estabelece um conflito com Ghulam Isaczai, embaixador na ONU em Nova York, representante do governo afegão derrubado no mês passado pelo Talibã.
Haq disse que os pedidos rivais pela vaga do Afeganistão na ONU foram enviados a um comitê de credenciais de nove membros, entre eles os Estados Unidos, a China e Rússia. O comitê não deve se reunir sobre a questão antes de segunda-feira, então é incerto que o ministro do Talibã fale na Assembleia Geral.
A aceitação de um eventual embaixador do Talibã na ONU seria um passo importante para a proposta de reconhecimento internacional do grupo islâmico de linha dura, que pode ajudar a desbloquear verbas necessárias para ajudar a empobrecida economia afegã.
Guterres disse que o desejo do Talibã por reconhecimento internacional pode ser o único poder de barganha que outros países tenham para pressionar o governo e pedir o respeito por direitos, especialmente para as mulheres, no Afeganistão.
A carta do Talibã diz que a missão de Isaczai “foi considerada encerrada, e ele não representa mais o Afeganistão”, disse Haq.