Queiroga explica que vários estados estão aplicando vacinas não autorizadas pela Anvisa em adolescentes
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, declarou que vários motivos pesaram na decisão para que a pasta resolvesse revisar a recomendação e suspender a vacinação de adolescentes sem comorbidades.Segundo o ministro, 1,5 mil eventos adversos foram identificados em adolescentes imunizados, todos leves. Porém houve um registro de morte de um jovem em São Paulo que ainda está sendo investigado se a causa da morte foi de fato o imunizante.
Queiroga pontuou que há vários casos prefeituras que aplicaram vacinas não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A ANVISA autorizou somente o uso da Pfizer/BioNTech em adolescentes de 12 a 17 anos. Mas o Ministério da Saúde possui registros de dados enviados pelos estados mostrando que este público está recebendo outras vacinas além das autorizadas.
“Em relação aos subgrupos, as evidências estão sendo construídas. O NHS [SUS do Reino Unido] restringiu a vacinação nos adolescentes sem comorbidades. Aqueles que já tinham sido imunizados com 1ª dose se recomendou parar por ali”, explicou Queiroga.
A secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19, Rosana Leite, mencionou também orientação da Organização Mundial de Saúde sobre o assunto.
“A OMS não recomenda, mas sugere que pode se pensar [na vacinação de adolescentes] a partir do momento que tenha vacinado toda a população, principalmente as mais vulneráveis, com duas doses”, disse.
Perguntados se a suspensão da vacinação teria relação com a falta de vacinas, os representantes do ministério descartaram essa hipótese e afirmaram que não há problema de abastecimento de doses no país. “Não falta vacina. Será que elas foram utilizadas de forma inadvertida? Provavelmente”, sugeriu a secretária Rosana Leite.
Diante da suspensão, os adolescentes sem comorbidades que receberam a primeira dose não devem ter a aplicação da segunda dose. A orientação de interromper a imunização vale também para aqueles com comorbidades que tomaram a primeira dose da AstraZeneca ou Coronavac.
Apenas os adolescentes com comorbidades imunizados com a Pfizer/BioNTech na primeira dose podem seguir com o processo de imunização e completar o ciclo vacinal, procurando os postos para receber a segunda dose.