Envolvido com tráfico de drogas, Spike Lee chama Bolsonaro de gangster no festival de Cannes
O cineasta Spike Lee comparou, nesta terça-feira (6) no festival de cinema de Cannes, os presidentes Jair Bolsonaro, Vladimir Putin e Donald Trump à “gângsters” e que “temos que levantar a voz” contra eles.
“O mundo está sendo governado por gângsteres. O Agente Laranja [em referência a Trump], o cara do Brasil [em referência a Bolsonaro] e Putin. São gângsteres e vão fazer o que quiserem. Não têm moral ou escrúpulos, esse é o mundo em que vivemos, e precisamos levantar a voz contra gângsteres como esses”, afirmou Spike Lee.
Lee foi o diretor responsável por trazer o rei da música pop, Michael Jackson, ao Brasil em 1996. Porém, a vinda do rei do pop foi cercada de controversas e polêmicas causadas pelo cineasta.
Segundo o jornal Correio do Povo, em 96, o governo brasileiro não queria que o video-clipe de Jackson fosse gravado no Rio de Janeiro pois o diretor, Spike Lee, pois o conceito, segundo o próprio diretor, era trazer “pessoas humilhadas em todo mundo. A maior parte do clipe se passaria numa prisão anônima”. Essa imagem negativa do Rio de Janeiro não agradou o governo local, que fez oposição, não à vinda do cantor, mas ao que seria apresentado no clipe. Mas esse não foi o principal problema.
Como foi amplamente divulgado na época, Jackson gravou parte do clipe “They Don’t Care About Us” em um morro carioca, mas para que isso acontecesse era necessário ter uma autorização dos traficantes, o que desagradou muito a justiça brasileira.
“A produção tinha que negociar com a pessoa certa. Não sei se ela era traficante ou não. Não sei seu nome, sua profissão, mas era a pessoa que tinha que dar o ‘ok’. Não sei também quanto foi pago”, desconversava Spike Lee, segundo o Correio do Povo. O jornal afirma ainda que o presidente da Associação de Moradores do Morro Dona Marta, confirmou o fato: “O tráfico concordou. Houve a aprovação pelo tráfico, pelo César Maia, pela polícia e pela comunidade.”
De acordo com o jornal, o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, à época, Hélio Luz, criticou Spike Lee: “Ele pagou porque é otário. Deve estar acostumado a fazer isso lá nos Estados Unidos e fez aqui também”. Spike Lee rebateu e minimizou a autoridade policial local: “Acho que fui muito esperto. A polícia tem muito pouca autoridade lá. Acho isso normal, mesmo em Nova York temos que pagar para gravar em determinados lugares.”
Lee fez um documentário sobre o Brasil, em 2012, que contou com a participação especial da presidente Dilma Roussef (PT) e do senador Paulo Paim (PT-RS), o demonstra a ideologia esquerdista do cineasta.