Privatização dos Correios já está em andamento, diz presidente da estatal
Em uma batalha judicial para tentar retirar benefícios considerados exagerados pelos Correios, e com funcionários em greve desde agosto, o presidente da estatal, general Floriano Peixoto, afirmou que o processo de privatização da estatal já está em andamento e é o mais indicado para tornar a empresa mais moderna. Em entrevista à coluna, Peixoto, que já chegou a resistir a uma desestatização confirma a declaração do ministro das comunicações, Fabio Faria, de que já há pelo menos cinco empresas interessadas para adquirir a estatal.
Na avaliação de Floriano Peixoto, qualquer empresa do segmento de logística almeja dispor de uma estrutura como a dos Correios.
“A capilaridade da estatal é seu maior ativo: estar presente em todo o território nacional é uma vantagem de poucas instituições. Isso se torna mais relevante quando consideramos as medidas de racionalização da carteira imobiliária que foram tomadas recentemente, o que certamente reduzirá as despesas com manutenção que perduravam até pouco tempo”, afirmou.
Para o general, a expertise da empresa na área de logística “é um diferencial acumulado ao longo de anos e que fez dos Correios o principal parceiro do e-commerce nacional”.
“Mesmo com as limitações inerentes a uma estatal, a empresa conseguiu se estabelecer como principal operador logístico do país e, consequentemente, conta com numerosa carteira de clientes em um segmento em franca expansão”, destaca.
Os funcionários em greve são contra a privatização defendida pelo governo. Para Peixoto, o que o ministro Fabio Faria tem externado “é, além de uma posição do governo, um reflexo da opinião da população a respeito dos Correios: algo precisa ser feito para transformar a empresa, para torná-la eficiente e moderna”.
“O caminho da desestatização é o mais indicado, pois alia a estrutura já existente à expertise do mercado, desonerando o Estado de uma função que não é mais tipicamente pública”, diz.
O governo está em fase final de elaboração de um Projeto de Lei (PL) que precisará ser aprovado no Congresso para dar andamento ao processo de privatização. Segundo Peixoto, “a desestatização dos Correios já está em andamento”.
“A consultoria contratada entregará a primeira parte dos estudos de viabilidade econômico-financeira da empresa até novembro deste ano. Nessa fase está incluso o projeto de lei que deve ser enviado ao congresso para apreciação e, a partir desse ponto, os parlamentares terão à sua disposição o embasamento técnico para discutir os rumos do serviço postal”, afirma.
Expectativa do fim de greve
Floriano comentou ainda sobre o julgamento no TST (Tribunal Superior do Trabalho) marcado para o dia 21 deste mês, que deve decidir sobre o dissídio dos trabalhadores.
“O que esperamos é uma solução para essa situação extremamente inconveniente: a paralisação, ainda que parcial, trouxe enormes prejuízos à empresa, tanto econômicos como de imagem”, diz.
“O que uma minoria de empregados tem provocado é, na verdade, uma piora da percepção da população quanto aos Correios. Isso, convém ressaltar, em meio a uma grave crise sanitária”, completa. Na proposta feita pela estatal —de extinção de alguns benefícios— há a previsão de uma economia na ordem de R$ 800 milhões por ano. Questionado se essa economia é necessária, já que a empresa vem registrando lucro nos anos, há um passivo de R$ 2,4 bilhões a ser saldado. “Os resultados positivos recentes têm reduzido esse déficit, e a nossa expectativa é a de acelerar esse processo”, disse. Floriano destacou ainda que os benefícios que a empresa quer extinguir foram concedidos em momentos diferentes do atual, tanto para a empresa como para o Brasil. “Para os Correios é inviável, hoje, manter em patamar tão elevado suas despesas com pessoal, pois a transformação do mercado e dos hábitos de consumo da sociedade demanda investimentos que a empresa não tem realizado a contento”, diz.
Segundo ele, se os benefícios forem mantidos, os Correios correm risco de virar uma estatal dependente do Tesouro Nacional, passando, então, a prejudicar diretamente o contribuinte.
“Considerando, ainda, os graves prejuízos provocados pelas administrações anteriores, toda e qualquer medida tomada em prol da sustentabilidade da empresa se faz necessária. Isso passa obrigatoriamente pela repactuação de benefícios inapropriados à realidade financeira da instituição”, explica o general, segundo informações do UOL.