Déficit recorde das estatais em 2024 leva governo Lula a lançar plano de recuperação
Com um déficit primário de R$ 7,76 bilhões acumulado entre janeiro e outubro de 2024, o maior desde o início da série histórica do Banco Central em 2002, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um cenário crítico nas empresas estatais. Nesta segunda-feira (9), o presidente assinou três decretos para tentar reverter a situação, incluindo o lançamento do Programa de Governança e Modernização das Empresas Estatais (Inova).
O rombo de 2024 representa quase três vezes o déficit registrado no mesmo período de 2023, que foi de R$ 2,86 bilhões. Entre as empresas mais afetadas estão os Correios, que acumulam prejuízo de R$ 2 bilhões de janeiro a setembro, atribuídos à concorrência acirrada no setor logístico e à “herança” da gestão anterior, segundo o governo.
O balanço exclui gigantes como Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, destacando o peso das estatais de menor porte no cenário financeiro.
Em reuniões realizadas com 17 ministérios desde novembro, Lula cobrou explicações detalhadas sobre as empresas públicas. A situação de empresas como a Ceasa-MG e a Ceagesp, essenciais para o abastecimento alimentar, foi analisada, enquanto os prejuízos dos Correios se tornaram um dos focos centrais das discussões.
Os números preocupam: o déficit de 2024 superou as expectativas e expôs a fragilidade financeira de diversas estatais, que dependem de aportes do Orçamento da União para sobreviver.
O Inova, principal medida anunciada, visa reestruturar a governança e os modelos de negócios das empresas públicas. Por meio de acordos de cooperação técnica, o programa permitirá estudos para modernizar a gestão e tornar as estatais menos dependentes de recursos públicos.
“O cenário atual exige que as estatais enfrentem seus problemas estruturais e se tornem financeiramente sustentáveis. Vamos repensar a atuação das que apresentam maior dificuldade”, disse a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck.
Além do Inova, os decretos assinados por Lula buscam reduzir o impacto fiscal das estatais no Orçamento e fortalecer a eficiência operacional.
Entre as estatais mais deficitárias, os Correios enfrentam prejuízos agravados pela concorrência de empresas privadas no setor logístico. O governo não anunciou mudanças no comando da estatal, mas reconheceu que a situação exige atenção especial.
“A atuação das empresas precisa ser revista, não apenas para mitigar os prejuízos, mas para garantir que elas cumpram seu papel estratégico sem onerar tanto os cofres públicos”, afirmou a ministra.
Com o déficit triplicado em relação ao ano anterior, o governo enfrenta pressão para apresentar resultados rápidos e eficientes.