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Arthur Lira critica articulação do governo Lula e garante que não tem votos para avanço do pacote de cortes de gastos


O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), alfinetou a capacidade de articulação do governo federal ao comentar a tramitação do pacote de cortes de gastos em análise no Congresso. Durante um fórum em Brasília, nesta quarta-feira (4), Lira afirmou que o governo “não tem votos nem para aprovar as urgências”, mas garantiu que o Congresso trabalhará para avançar com as medidas, apesar das dificuldades enfrentadas pela gestão petista.

“Hoje, o governo não tem os votos nem para aprovar as urgências. Não tenho dúvida que o Congresso não vai faltar, mas está num momento de muita instabilidade de coisas que não são inerentes aos Poderes. Você nunca vai ver um deputado julgando, como também não deveria ter juiz legislando. Para isso, existem os limites constitucionais”, disse Lira, numa declaração interpretada como provocação ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

A base governista decidiu retirar da pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Corte de Gastos. A decisão foi motivada pela falta de consenso com a presidente da Comissão, Caroline de Toni (PL-SC), que condicionou a tramitação à inclusão de outra PEC, relacionada a empréstimos do BNDES para obras no exterior.

Sem acordo, a discussão foi adiada, evidenciando dificuldades do governo para garantir apoio. Além da PEC, dois projetos de lei que integram o pacote de medidas já tiveram pedidos de urgência protocolados, mas, até o momento, não foram analisados.

O governo aposta na aprovação das propostas ainda neste ano para sinalizar compromisso com a responsabilidade fiscal e conter a desconfiança do mercado. Contudo, a falta de articulação sólida revela uma base governista fragmentada, que enfrenta desafios para aprovar pautas prioritárias.

O deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP), presidente da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, criticou a estratégia do governo. “Eu gostaria de ver a opinião pública se levantando em torno da redução de gastos e não deixando que o governo confisque esse debate usando emendas parlamentares e outros artifícios”, declarou.

Nos bastidores, Lira reforça seu papel como peça-chave para a aprovação de pautas importantes no Congresso, em contraste com o desempenho atribuído ao governo. A oposição vê as declarações do presidente da Câmara como um recado claro à necessidade de diálogo mais eficiente por parte do Planalto para destravar os trâmites legislativos.




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