EleiçõesOpiniãoSão Paulo

Cadeirada de Datena em Marçal escancara o baixíssimo nível da política brasileira


O que poderia ter sido um espaço para a discussão de propostas e soluções para São Paulo tornou-se um palco de vergonha nacional no último debate eleitoral exibido pela TV Cultura. Em vez de discussões sobre quem administraria a maior cidade do país, o momento mais comentado foi uma briga que envolveu o candidato José Luiz Datena e seu oponente Pablo Marçal, culminando com uma cadeira sendo arremessada em cena – um episódio mais digno de um antigo telecatch do que de uma disputa eleitoral séria.

A violência foi o ápice de uma tensão crescente, que já havia dado sinais na TV Gazeta, quando Datena deixou seu lugar para ameaçar Marçal. O ex-coach, por sua vez, prometera provocar mais e cumpriu. Em meio a ataques verbais e provocações, Marçal sugeriu que Datena não teria coragem de levá-las adiante. A resposta veio de forma infeliz, quando o apresentador atirou uma cadeira, revelando um nível de descontrole que preocupa tanto quanto as possíveis repercussões entre os eleitores.

Essa lamentável cena parece ter cristalizado duas estratégias. Datena, possivelmente, apostando que a atitude impensada atrairá o apoio de um eleitorado mais radicalizado. Marçal, por outro lado, reforçou sua narrativa de “vítima do sistema”, tentando angariar simpatia como alvo de uma estrutura que, segundo ele, se opõe a novas lideranças.

Antes do incidente, a TV Cultura fez um esforço genuíno para extrair dos candidatos suas ideias e propostas para os grandes problemas da cidade. No entanto, o formato de confrontos diretos deteriorou a qualidade do debate, que acabou sendo usado para divulgação de canais digitais e ataques pessoais, com os candidatos direcionando seus eleitores para “segunda telas” em busca de mais conteúdo produzido por seus marqueteiros.

Entre as estratégias observadas, o prefeito Ricardo Nunes concentrou seus ataques em Boulos e Marçal. Guilherme Boulos, por sua vez, focou suas críticas apenas em Nunes. Já Pablo Marçal, com uma postura de franco atirador, centrou fogo em Datena. Tabata Amaral manteve sua postura propositiva e professoral, enquanto Marina Helena parecia mais preocupada com o impeachment de Alexandre de Moraes do que com a gestão da capital.

O impacto da agressão de Datena poderá alterar o curso da campanha, uma vez que a violência protagonizada em rede nacional tende a influenciar a percepção dos eleitores. Caso prevaleça o bom senso, o episódio servirá de alerta para o baixo nível em que a política brasileira se encontra. No entanto, se a violência trouxer ganhos ao agressor, a radicalização poderá intensificar-se, comprometendo ainda mais o cenário eleitoral em São Paulo e refletindo no contexto das eleições gerais de 2026.




Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo