OEA não consegue aprovar resolução contra Maduro após abstenção de Brasil e México
A Organização dos Estados Americanos (OEA) não conseguiu aprovar uma resolução condenando a alegada fraude eleitoral e a repressão ordenada pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro, após as eleições presidenciais realizadas no domingo 28.
Os Estados Unidos, Argentina, Uruguai e Paraguai haviam apresentado um projeto de resolução exigindo que o regime de Maduro divulgasse as atas de votação e cessasse a perseguição política. No entanto, um grupo de países liderados por Brasil e México conseguiu impedir a aprovação da iniciativa. Na votação, 17 estados membros apoiaram a resolução, 11 se abstiveram e 5 estavam ausentes, resultando na rejeição do projeto por falta de uma maioria especial necessária.
Estratégias e Alianças Regionais
A estratégia diplomática dos EUA, Argentina, Equador e Paraguai era conseguir consenso para o projeto e expor as diferenças regionais. No entanto, Brasil e México, que se abstiveram da votação e atuaram nos bastidores, conseguiram que 11 países se abstivessem, muitos dos quais têm laços energéticos com a Venezuela ou são aliados de seus principais apoiadores internacionais, como China e Rússia.
Enquanto os presidentes Lula e Andrés Manuel López Obrador (AMLO) se posicionaram contra a condenação da ditadura venezuelana, Javier Milei e Santiago Peña se uniram para criticar o regime de Maduro. Os EUA tentaram exercer sua influência regional para aprovar uma resolução que limitasse a repressão ilegal, mas não obtiveram sucesso.
Conteúdo da Resolução Rejeitada
A resolução rejeitada propunha:
- Reconhecer a participação significativa e pacífica do eleitorado venezuelano nas eleições de 28 de julho de 2024.
- Instar o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela a publicar imediatamente os resultados das eleições e realizar uma verificação completa dos resultados com a presença de organizações independentes para garantir transparência.
- Declarar a prioridade de proteger os direitos humanos fundamentais na Venezuela, especialmente o direito de manifestação pacífica.
- Ressaltar a importância de preservar todos os equipamentos usados no processo eleitoral para manter a integridade da votação.
- Expressar solidariedade ao povo venezuelano e pedir ao governo que garanta a segurança das instalações diplomáticas e do pessoal residente na Venezuela, conforme o direito internacional.
Votação e Implicações
A rejeição da resolução oferece um respiro político para Maduro, que intensificou a repressão nas principais cidades da Venezuela e rompeu relações diplomáticas com os países que criticaram seu regime. Brasil, México e Colômbia desempenharam um papel crucial em fortalecer a posição de Maduro em um cenário sem precedentes para a América Latina.
Votos dos Países
- A favor: Canadá, Chile, Costa Rica, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Guiana, Haiti, Jamaica, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Suriname, Uruguai e Argentina.
- Abstenção: Barbados, Belice, Bolívia, Brasil, Colômbia, Granada, Honduras, São Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, Antígua e Barbuda e Bahamas.