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Lula se vacinou contra dengue na rede privada sem divulgação e antes da campanha do SUS, diz jornal


Sem qualquer divulgação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a vacina contra a dengue em 5 de fevereiro, antes do início da campanha de imunização do Sistema Único de Saúde (SUS). A dose foi obtida na rede privada, segundo informações do Palácio do Planalto, que não divulgou o modelo e o custo da vacina, nem o nome do laboratório que forneceu a dose. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.

A campanha de vacinação do SUS começou quatro dias depois de Lula receber a primeira dose. O Brasil enfrenta a pior epidemia de dengue da história, com 6 milhões de casos prováveis e 4 mil mortes em 2024. A escassez de vacinas na rede pública gerou críticas e levou o Ministério da Saúde a restringir a imunização ao grupo de dez a 14 anos.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) não explicou por que a vacinação de Lula contra a dengue não foi divulgada. O presidente recebeu a segunda dose da vacina em 6 de maio, também sem divulgação. As datas foram fornecidas pela Presidência após um pedido da Folha de S. Paulo, com base na Lei de Acesso à Informação.

A reportagem também solicitou informações sobre a imunização de Lula contra a COVID-19. Inicialmente, a Presidência informou que Lula “recebeu todas as doses de vacinas compatíveis com a sua idade e já disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, relativas à COVID-19 e à dengue, conforme orientação de sua equipe médica”. Após recurso, o governo detalhou as datas e locais de imunização, além do modelo de cada dose usada contra a COVID-19. Lula recebeu sete doses, sendo a última em 17 de junho, da farmacêutica Moderna, adaptada para a variante XBB e adquirida com atraso pelo Ministério da Saúde.

O Planalto confirmou as datas das vacinas contra a dengue, mas não o local da aplicação nem o modelo da vacina. A Folha solicitou novamente esses dados em recurso apresentado na segunda-feira, 17. A Secom confirmou apenas que a vacina da dengue é proveniente da rede privada.

O Brasil enfrenta a pior epidemia de dengue, com 6 milhões de casos prováveis e 4 mil mortes em 2024, além de 2,8 mil em investigação, segundo o Ministério da Saúde. Os registros até junho superam o ano passado, que teve 1,6 milhão de casos e 1,1 mil mortes pela doença. As vacinas compradas pelo Ministério da Saúde ainda estavam em controle de qualidade quando Lula foi vacinado. Os imunizantes foram liberados em 8 de fevereiro e aplicados no dia seguinte pelo SUS.

O estoque das clínicas privadas ficou escasso entre fevereiro e março. A Takeda, fabricante da Qdenga, vendeu toda sua produção ao SUS. O intervalo de três meses entre as doses sugere que Lula recebeu a Qdenga. A outra vacina contra a dengue, a Dengvaxia, não foi incorporada à rede pública e exige três doses com intervalo de seis meses. É indicada para pessoas de seis a 45 anos que já tiveram dengue.

As vacinas disponíveis no país não incluem pessoas de 78 anos, como Lula, no público-alvo. Nesses casos, o uso é “off-label”, fora das indicações do registro na Anvisa e por prescrição médica. No dia da primeira dose, Lula se reuniu com Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, para discutir a fabricação do imunizante contra a dengue. A agenda oficial do presidente não registrou a vacinação.

No dia seguinte, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez um pronunciamento sobre o avanço da dengue. “A vacinação se dará de forma progressiva, dado o número limitado de doses produzidas pelo laboratório fabricante”, disse. Nísia afirmou que os critérios de distribuição foram baseados na incidência da doença e que crianças seriam o público-alvo da campanha do SUS.




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