Dólar tem forte alta após declarações de Lula sobre economia
O dólar passou a operar em forte alta no fim da manhã desta quarta-feira, 12, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmar que não consegue discutir economia sem “colocar a questão social na ordem do dia”, durante evento no Rio de Janeiro.
Lula também destacou que o “mercado [financeiro] não é uma entidade abstrata, apartada da política e da sociedade.”
Às 11h35, o dólar registrava alta de 0,79%, cotado a R$ 5,4027, atingindo R$ 5,4286 na máxima do dia. A moeda norte-americana havia fechado a última terça-feira, 11, em alta de 0,07%, a R$ 5,3605, acumulando ganhos semanais de 0,68%.
No mesmo horário, o Ibovespa caía 1,07%, aos 120.337 pontos. Na terça-feira, o principal índice da bolsa brasileira fechou em alta de 0,73%, aos 121.635 pontos. O dia começou tranquilo no mercado financeiro após dados de inflação dos Estados Unidos indicarem estabilidade nos preços em maio, contrariando a expectativa de uma leve alta de 0,01%. Em abril, a inflação havia crescido 0,03%.
Essa estabilidade aumentou as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) mantenha as taxas de juros entre 5,25% e 5,50%.
Apesar da visão mais positiva em relação aos EUA, o mercado brasileiro reverteu o sinal do dólar após o discurso de Lula, que defendeu a ideia de que a economia não pode estar separada do social.
“Todos os debates que se fazem tratando de economia, a gente fala de um monte de coisa, mas me parece que os problemas sociais não existem”, afirmou. “Eles existem. Estão nos nossos calcanhares, estão nas nossas portas, estão nas ruas.”
As declarações ocorrem em um momento em que o governo está sendo pressionado pelo mercado a cortar gastos. O governo petista, enfrentando dificuldades para zerar o déficit fiscal, afirmou que trabalha para equilibrar as contas públicas sem comprometer o investimento.
“Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”, afirmou Lula. “O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público.”
Em abril, a arrecadação do governo federal atingiu R$ 228,9 bilhões, o maior valor para o mês em 30 anos, segundo a Receita Federal.