Revista Veja aponta nova versão da delação de Mauro Cid
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e figura central durante os quatro anos de governo do ex-presidente, trouxe à Polícia Federal uma narrativa distinta sobre o monitoramento do ministro do STF, Alexandre de Moraes, frequentemente visto como adversário por Bolsonaro. Delator premiado, Cid foi obrigado a revelar os detalhes que motivaram o rastreamento dos voos de Moraes no final do mandato presidencial.
Segundo a PF, Moraes foi supostamente monitorado por bolsonaristas como parte de um plano mais amplo que envolvia sua possível captura, caso um golpe de estado se materializasse. Em janeiro, Moraes informou à revista VEJA que a polícia descobriu planos para sequestrá-lo e até mesmo assassiná-lo.
No entanto, a explicação de Cid sustenta que o monitoramento foi uma medida para verificar se Moraes se encontrava secretamente com o então vice-presidente Hamilton Mourão, descrevendo a suspeita de Bolsonaro de que Mourão se alinhava com figuras vistas como hostis pelo presidente. Cid mencionou que essa vigilância era alimentada por teorias conspiratórias, uma característica marcante de Bolsonaro, exemplificada por um encontro anterior entre Mourão e o então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, que intensificou críticas de Bolsonaro ao Judiciário.
A versão apresentada por Cid não convenceu os investigadores, destacando inconsistências na narrativa, principalmente pelo detalhamento e antecedência das informações que, segundo ele, provinham de “fontes abertas”, uma alegação questionada dado o nível de detalhe dos dados coletados.
Além disso, a investigação sobre o monitoramento de Moraes também explora a possibilidade de que o governo Bolsonaro operava um sistema de inteligência paralelo, utilizando recursos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) de maneira indevida. Este caso continua a desenvolver-se, adicionando mais uma camada de complexidade às já turbulentas relações entre o governo anterior e o Judiciário.