“O fim da era Marcola no PCC”, diz promotor
A disputa pela liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC) ameaça destronar Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, após décadas de liderança incontestada. O racha interno, o mais importante em 30 anos, é explicado pelo promotor Lincoln Gakiya, voz ativa contra o PCC e que já enfrentou ameaças de morte pela facção.
“Estamos presenciando um racha sem precedentes no PCC, que coloca em xeque a liderança de Marcola desde sua ascensão em 2002,” aponta Gakiya. O estopim da disputa seria uma gravação de Marcola, divulgada durante um julgamento, onde ele rotula Roberto Soriano, o Tiriça, de “psicopata”. Essa acusação precipitou a condenação de Tiriça, abalando a lealdade de três pilares da facção: Tiriça, Abel Pacheco de Andrade, o Abel Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho.
A ruptura revelou uma batalha pelo poder, com ambos os lados emitindo “salves” – comunicados internos – decretando a expulsão e a morte dos adversários. Enquanto Marcola tenta assegurar a lealdade das “Sintonias da Rua”, seus adversários concentram esforços no ambiente carcerário.
A crise se agravou com a movimentação de aliados de Marcola tomando controle das “biqueiras” antes gerenciadas pelos dissidentes, aumentando a tensão e o medo entre os envolvidos. Observadores, incluindo Gakiya, monitoram a possível formação do Primeiro Comando Puro (PCP) pelos opositores de Marcola, uma informação ainda recebida com ceticismo.
“O PCC nunca mais será o mesmo”, Gakiya analisa, considerando a trama complexa de traições, execuções e alianças que marcou a trajetória da facção. A situação é complicada por desconfianças relacionadas a execuções passadas e supostas colaborações de Marcola com as autoridades, adicionando camadas à disputa atual.
A luta pelo controle do PCC, segundo Gakiya, não apenas testa o poder de Marcola, mas também pode realinhar as forças dentro da maior organização criminosa do Brasil, prometendo um futuro incerto para a sua liderança e para a facção como um todo.