Na manhã desta terça-feira (16), o Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagrou a Operação Munditia, resultando na prisão de três vereadores, incluindo dois ex-presidentes de Câmaras Municipais, por envolvimento em um esquema de fraudes em licitações que beneficiava o Primeiro Comando da Capital (PCC). Os mandados de prisão e busca e apreensão foram executados em diversas cidades, visando desarticular um complexo sistema de corrupção que movimentou mais de R$ 200 milhões em contratos públicos.
Entre os presos está Flavio Batista de Souza, conhecido como Inha, do Podemos, que presidiu a Câmara de Ferraz de Vasconcelos no Alto Tietê. Inha, em seu terceiro mandato, está diretamente ligado a contratos municipais com suspeitas de irregularidades, conforme interceptações de mensagens e áudios analisados pelo MPSP.
Outro vereador detido foi Ricardo de Oliveira, do PDT, conhecido como “Ricardo Queixão”, que atua em Cubatão, na Baixada Santista. Queixão, em seu segundo mandato, destacou-se na área da Saúde e foi recentemente investigado por abuso de poder em um processo eleitoral para o Conselho Tutelar local.
Do Alto Tietê, Luiz Carlos Alves Dias, do MDB de Santa Isabel, também foi preso. Conhecido como “Luizão Arquiteto”, Dias foi eleito inicialmente pelo PL e está em seu terceiro mandato. Ele ocupou a presidência da Câmara de Santa Isabel por sete vezes e é pré-candidato à prefeitura da cidade.
A Operação Munditia cumpriu 13 dos 15 mandados de prisão temporária e 42 ordens de busca e apreensão, apreendendo R$ 600 mil em espécie e diversas munições. As investigações do MPSP apontam que as empresas envolvidas nos contratos investigados são ligadas ao PCC, com influência direta da facção nas decisões de licitações.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a estrutura criminosa simulava concorrências públicas e envolvia empresas parceiras ou do mesmo grupo econômico para frustrar a competição nos processos de contratação, especialmente em prefeituras e Câmaras Municipais. Há também evidências de corrupção sistemática de agentes públicos e políticos, além de fraudes documentais e lavagem de dinheiro.
As Câmaras Municipais de Santa Isabel e Cubatão afirmaram estar colaborando com as investigações e se colocaram à disposição da Justiça para fornecer quaisquer esclarecimentos necessários.