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Crise na fiscalização ambiental abala liderança do Brasil no G20 e complica articulação internacional de Lula


À frente do G20, o Brasil posiciona-se como líder nas discussões sobre a proteção ambiental e o combate às mudanças climáticas. No entanto, essa postura internacionalmente ambiciosa contrasta fortemente com a realidade doméstica, marcada por uma alarmante redução nas fiscalizações ambientais. Essa discrepância surge em um momento crítico, causada pela greve dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que reivindicam uma reestruturação de carreira e ajustes salariais.

Especialistas apontam as principais complicações para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas arenas internacionais, decorrentes da ineficácia do Ibama. Mateus Fernandes, do Instituto Internacional Arayara, enfatiza a progressão perigosa de ausência de fiscalização para a deterioração ambiental, alertando para o retorno de atividades ilegais favorecidas pela sensação de impunidade.

No âmbito do G20, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reforçou o compromisso do Brasil com a meta de zerar o desmatamento até 2030, apelando ao setor privado por investimentos contra as mudanças climáticas. No entanto, a eficácia dessa promessa é questionada, dadas as atuais dificuldades em manter uma fiscalização ambiental robusta, essencial para a proteção de biomas como a Amazônia.

Suely Araújo, do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, adverte sobre as consequências negativas na imagem do Brasil diante do aumento do desmatamento, agravadas pela negligência com as condições de trabalho dos agentes ambientais. Segundo a Associação Nacional dos Servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ascema), houve uma redução drástica nas autuações por infrações ambientais no início de 2024, evidenciando uma crise na fiscalização que compromete seriamente a integridade ambiental do país.

Os dados sobre queimadas na Amazônia, com recordes de focos em fevereiro deste ano, refletem a paralisação nas operações de combate, reforçando a urgência de uma resolução para a greve do Ibama. A situação coloca em cheque as intenções do governo Lula de promover a Amazônia como símbolo de sustentabilidade para atrair investimentos internacionais.

A 7ª reunião da Mesa Nacional de Negociação Permanente, ocorrida em 28 de fevereiro, não avançou nas demandas dos servidores por reajustes salariais, mantendo o impasse. Assim, a crise na fiscalização ambiental não apenas expõe falhas internas significativas, mas também complica a posição do Brasil nas negociações globais, desafiando a credibilidade do país como um líder ambiental no cenário mundial.




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